Um dos principais escultores do Brasil tem uma relação especial com o Guaíba. Em 2001, o paulista José Resende teve uma obra flutuando no lago de Porto Alegre e, em 2005, construiu um mirante na Orla para que as pessoas pudessem admirar o pôr do sol, ambos trabalhos realizados dentro da Bienal do Mercosul. A última, intitulada Olhos Atentos, ficou como um legado para a cidade.
Pela terceira vez, Resende vai apresentar sua produção próximo ao cartão-postal da cidade, agora dentro de um museu. São 18 esculturas, produzidas entre 1974 e 2018, instaladas na Fundação Iberê Camargo (Avenida Padre Cacique, 2.000) a partir deste sábado (13), na exposição Na Membrana do Mundo.
– O Guaíba é uma atração para mim nesta cidade – afirma o artista.
Resende gosta de trabalhar com materiais que remetem a uma atmosfera urbana, como aço, ferro, chumbo, latão, cobre, madeira, pedra e borracha. Juntando essas peças, explorando suas texturas e sua maleabilidade, sua intenção é criar algo inusitado, que embaralhe os sentidos.
Sem qualquer pretensão de oferecer um guia definitivo, Resende aponta um caminho para quem para diante de uma obra de arte e fica tentando extrair algum significado dela: a ideia não é que o espectador chegue a uma certeza, mas que se deixe levar por esse estado de questionamento.
– A escultura, e qualquer obra de arte, é um despertar de possibilidades e entendimentos. As pessoas não devem ficar tranquilas, devem ficar atentas, excitadas diante do que diabos está diante delas – defende.
Visitantes
Na Membrana do Mundo pode ser visitada de quinta a domingo, entre 14h e 18h, até 6 de março. Pouco antes de sua inauguração, neste sábado, às 11h, será reaberto para o público o mirante Olhos Atentos, fechado por cerca de três anos pela prefeitura da Capital.
Quando foi construído, a Orla recebia uma quantidade menor de pessoas. Com todos os investimentos que essa área recebeu, o fluxo de visitantes ao local aumentou, e a plataforma, elaborada para vibrar conforme as pessoas caminham por ela, passou a gerar insegurança. Agora, retângulos feitos em corrimãos de aço vão limitar o número de visitantes que podem subir no mirante ao mesmo tempo.
– Para mim, é importante que a obra seja usada, que a população retorne à sua propriedade – celebra Resende.
Quem aproveitar o feriadão de 15 de novembro para conhecer a exposição na Fundação Iberê Camargo terá desconto. Até segunda-feira (15), os ingressos têm preço único de R$ 5. Depois, voltam a ser R$ 20 (individual) e R$ 30 (duas pessoas). A venda, com agendamento de horário de visitação, é pelo site sympla.com.br. Às quintas, a entrada é gratuita, mediante ordem de chegada.