O Santander Cultural passou, em março de 2019, a chamar-se Farol Santander, após um processo de unificação da marca e união à unidade de São Paulo. Rumos empresariais à parte, o fato é que o local arraigou sua presença na Capital gaúcha depois de duas décadas completadas nesta sexta-feira (19), com mostras que foram desde as célebres Mirabolante Miró e Picasso Gravador, até a polêmica Queermuseu.
Não há uma programação especial para celebrar a data — uma vez que, com as mudanças, conta-se apenas o tempo de estreia do Farol Santander. Ainda assim, há exposições abertas à visitação no espaço. Até o dia 5 de setembro, Tarsila para Crianças propõe um mergulho na vida e obra da artista brasileira. Em Transversalidade, Frantz convida a um debate entre pintura e outros elementos artísticos até 30 de outubro. Estão sendo mantidas também as mostras permanentes Memória e Identidade e Os Dois Lados da Moeda.
Localizado no Centro Histórico, o prédio começou a ser construído em 1927, um projeto finalizado quatro anos depois. Inicialmente, a ideia era que sediasse o Banco Nacional do Comércio — mais tarde, sediou o Branco Sulbrasileiro e o Meridional. A edificação é hoje administrada pelo Santander, responsável por tê-la restaurado e transformado em um centro cultural. Em termos de futuro, a comunicação da empresa aponta como objetivo no horizonte ampliar e diversificar cada vez mais a sua programação.
Abaixo, relembre alguns dos momentos emblemáticos da instituição em Porto Alegre:
Sem Fronteiras
(21/08/2001 - 23/09/2001)
Exposta na inauguração do Santander Cultural, a mostra contou com artistas nacionais e internacionais. Entre os gaúchos, estavam obras de Chaves Barcellos e Ronaldo Kiel. Somaram-se a eles peças do paulista José Wagner Garcia, do mineiro Eder Santos, do espanhol Antonio Abad e da suíça Pipilotti Rist.
Picasso Gravador
(21/01/2003 - 23/02/2003)
Quase uma centena de gravuras de um dos mais consagrados artistas do século 20 foram trazidas à capital gaúcha. A realização, possível graças a uma parceria internacional firmada com a embaixada da Espanha e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, estabeleceu vias permanentes de acesso do público à grande arte na cidade.
Mirabolante Miró
(17/03/2005 - 28/08/2005)
Abrindo seu quarto ano de atividades, o Santander Cultural apresentou gravuras, litografias e xilogravuras originais do artista espanhol. As obras dessa mostra, pertencentes ao acervo da Galeria Lelong de Paris, apresentaram um panorama da diversidade poética, técnica e de formatos utilizados por Miró ao longo de sua trajetória artística.
O Tamanho do Mundo
(17/03/2005 - 28/08/2005)
Entre obras do começo da carreira até trabalhos nunca expostos, a mostra reuniu cerca de 70 peças de Vik Muniz, artista de projeção internacional no cenário das artes visuais contemporâneas. Com recorte curatorial feito pela crítica de arte Ligia Canongia, a exposição foi a primeira individual de Vik na região sul do país.
RS Contemporâneo
(2012-2016)
Com cinco anos de duração, o RS Contemporâneo foi um dos principais projetos do Santander Cultural. Mais de 600 mil pessoas visitaram as exposições de quase duas dúzias de jovens artistas gaúchos, que realizaram uma mostra individual com organização e suporte profissional nas galerias da instituição.
Francisco Brennand – Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo
(07/06/2016 - 04/09/2016)
Nomes consagrados do cenário cultural foram reunidos: primeiro, pelo artista, depois, pelo curador Emanoel Araújo. A mostra trouxe obras cheias de simbologias, significados e mitologias, apostando em uma experiência imersiva que proporcionou aos visitantes sentir o pensamento e habitar o universo criado por Brennand.
Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira
(14/08/2017 - 09/09/2017)
A mostra estava prevista para ficar em cartaz até 8 de outubro. Contudo, foram ganhando corpo protestos de grupos como Movimento Brasil Livre (MBL) e de pessoas que classificavam a exposição como ofensiva — as razões iam de “blasfêmia” no uso de símbolos católicos à difusão de “pedofilia” e “zoofilia” em alguns dos trabalhos. A instituição decidiu cancelar a exposição, apesar do movimento ter sido rechaçado por entidades de direitos LGBT+ e o Ministério Público Federal do Estado ter recomendado a reabertura. No ano seguinte, ela foi reinaugurada no Parque Lage, no Rio de Janeiro.
Roda Gigante
(25/03/2019 - 23/06/2019)
Obra inédita de Carmela Gross, a exposição inaugurou o Farol Santander Porto Alegre após o espaço ficar mais de três meses em reforma. Com um trabalho de caráter multimidiático, que lida diretamente com a tensão entre a expressão popular e o rigor erudito, a artista criou uma instalação de dimensões monumentais, marcando o momento em que o centro reabriu o espaço trazendo uma nova proposta.