Jaqueline Sordi
Ao longo de cinco décadas, o artista plástico Lengil dedicou suas manhãs, tardes e noites ao minucioso trabalho de trazer de volta, de forma quase imaculada, obras de arte danificadas. Dado seu caráter perfeccionista, o sergipano radicado em Porto Alegre nos anos 1960 ficou conhecido dentro e fora do Estado como o “restaurador do impossível”. Principalmente nas décadas de 1990 e 2000, dedicou-se à restauração de arte sacra, recebendo de países como Itália, Argentina e Alemanha esculturas em pedaços e quadros avariados, retornando-os como se estivessem intocados. Hoje, aos 82 anos, aquilo que parecia impossível para o artista começa a se concretizar. Após um acidente que o deixou com sequelas físicas, em junho deste ano, Lengil decidiu descansar as habilidosas mãos e encerrar as atividades no tradicional ateliê localizado no Centro de Porto Alegre. Aos poucos, cataloga e põe à venda as centenas de obras que ainda permanecem à disposição do público. Entre elas, não só aquelas restauradas, mas também as criadas pelo artista.