
A 11ª Bienal do Mercosul foi inaugurada com festa e protesto nesta quinta-feira. Em meio a uma apresentação, na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, da Orquestra de Câmara Fundarte, que apostou em um repertório eclético, artistas no palco exibiram uma faixa que sentenciava: "A arte inspira, respira. Censura não", em uma clara alusão ao fechamento antecipado da exposição Queermuseu, que foi cancelada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, no ano passado.
Com cerca de 70 artistas, esta bienal traz o tema O Triângulo do Atlântico, que pensa a formação cultural do povo brasileiro a partir das conexões entre as Américas, a África e a Europa. Distingue-se, principalmente, pela ênfase em nomes africanos e brasileiros, deixando para trás o compromisso com o "Mercosul" do nome.
– É a primeira edição com forte elenco de artistas africanos e afrodescendentes – garante o curador Alfons Hug .
Para o presidente, essa temática traz consigo um debate sobre a representatividade, liberdade sexual e de expressão em um momento importante:
– É nossa primeira grande exposição após o episódio da Queermuseu. Por isso, é importante que se veja a 11ª Bienal do Mercosul como uma ação coletiva pacificadora dessas questões, no sentido de que teremos a garantia da liberdade de expressão e independência curatorial, ao mesmo tempo em que respeitaremos pessoas que possam se sentir eventualmente ofendidas com certas imagens. Para isto, haverá sinais de alerta, à semelhança dos mais importantes museus do mundo.
Embora a distribuição das obras tenha seguido critérios técnicos (instalações de grande porte no Santander Cultural e no MARGS, por exemplo), a curadora adjunta Paula Borghi aponta que as obras também foram agrupadas de acordo com algumas questões:
– A exposição começa pelo MARGS, onde fazemos uma imersão pelo Oceano Atlântico, depois na diáspora e na escravidão. No Memorial, trazemos questões indígenas, e o Santander tem obras que pensam a cidade e o indivíduo – resume a curadora.
A Bienal abarca ainda o Quilombo do Areal, na Capital, e a Casa 6, em Pelotas. Confira endereços e horários no mapa abaixo.
11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
- Visitação às exposições: de 6 de abril a 3 de junho, conforme o horário de visitação de cada local (confira no mapa abaixo).
- Locais: Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Memorial do Rio Grande do Sul, Santander Cultural, Praça da Alfândega, Igreja Nossa Senhora das Dores, Comunidade Quilombola do Areal e Casa 6 (Pelotas).
- Curadoria de Alfons Hug e curadoria adjunta de Paula Borghi.
- Entrada franca.
- Mais informações: bienalmercosul.art.br
Programação
Saiba o que a Bienal apresenta nos seus primeiros dias além das exposições:
Celebração de Abertura da 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
- Quinta-feira (5/4), a partir das 19h30min.
- Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre.
- Orquestra de Câmara Fundarte executa músicas de Edu Lobo, Baden Powell, Villa-Lobos, Chico Buarque, Caetano Veloso, José Miguel Wisnik, Alberto Ginastera, George Bizet, Astor Piazzolla e Vitor Ramil. Participações dos instrumentistas Jorginho do Trompete, Artur Elias (flautista), Thiago Colombo (violonista), Olinda Allessandrini (pianista) e dos cantores do Coral Viva La Vida, Vitor Ramil, Glau Barros, Angela Diehl, Dudu Sperb e Anaadi. Direção musical e regência: maestro Antônio Carlos Borges-Cunha.
- Outras atrações: leitura de textos clássicos por Zé Adão Barbosa, performances teatrais do grupo Máscara EnCena (com direção de Liane Venturella) e da Cia Rústica de Teatro (com direção de Patrícia Fagundes), performance de dança contemporânea TERCEIRO G., com os bailarinos Viviane Lencina, Emily Chagas e Daniel Aires, sob direção de Renata de Lélis.
Performances artísticas
- Quinta-feira (5/4), de 10h às 19h – Standard Time, de Mark Formanek. Praça da Alfândega. Reapresentações de quinta a domingo, de 10h às 19h, até o fim da Bienal do Mercosul.
- Sexta-feira, às 16h – CAPA-CANAL, de Hector Zamora. Memorial RS.
- Sábado, às 20h – Orquestra de Falcões, de Romy Pocztaruk. Praça da Alfândega.
- Sábado, às 17h30min – Impróprio, de Vivian Caccuri. Praça da Alfândega.