O Casarão Amália Noll, nomeado em homenagem à pioneira cultural que construiu um cinema na casa no século 20 – edificação essa remanescente da imigração na cidade de Feliz –, foi restaurado e será entregue nesta quinta-feira (20). Após décadas fechado, o prédio histórico abrigará a biblioteca da cidade, além de sediar exposições. A data de abertura para a comunidade ainda será definida pela prefeitura.
Construído no século 19, o conjunto histórico mescla áreas de enxaimel, pedra bruta, alvenaria de tijolos maciços e colonial português. Elementos da imigração italiana se misturam aos traços portugueses e alemães, uma vez que, no jardim do casarão, um pé centenário de videira teria sido a matriz dos parreirais implantados no distrito de Nova Milano por um dos primeiros imigrantes italianos do Rio Grande do Sul.
O casarão ganhou o nome de Amália Noll, uma cidadã felizense que morou no imóvel no século 20 e passou para o imaginário popular do município como uma pioneira do empreendedorismo cultural na região. Sua casa era cheia de cultura, com salão de baile, cinema e fotografia, expressão pela qual era apaixonada. Desse modo, o prédio histórico foi o primeiro equipamento cultural da região.
No processo de restauro, as paredes em ruínas do casarão foram estabilizadas, mantendo suas características originais. O telhado e o assoalho, que estavam completamente apodrecidos, foram substituídos devido à precariedade em que se encontravam, bem como a parte elétrica e hidráulica do prédio. A estrutura em madeira que servia como base para o assoalho foi preservada parcialmente de forma aparente, como testemunho da originalidade da edificação. Relíquias arquitetônicas foram resgatadas e apresentadas ao público em “janelas didáticas”, como, por exemplo, o encanamento de barro usado na época para drenagem das águas e a técnica da escaiola (pintura que imita o mármore nas paredes).
A coordenação do restauro é da Escaiola – Arquitetura Rara, empresa que atua na área do patrimônio cultural desde 2013. Para a arquiteta e urbanista Juliana Betemps, sócia da empresa, “o restauro desse prédio é um exemplo de que é preciso ter persistência e acreditar na importância da preservação do patrimônio”. Atualmente, está em execução a segunda fase do projeto cultural, que pretende elaborar algumas melhorias na segunda etapa de obras que compõem o espaço onde ficava o cinema do prédio.
O restauro do Casarão Amália Noll é um projeto viabilizado por meio do sistema Pró-Cultura/Lei de Incentivo à Cultura do RS. A iniciativa tem patrocínio de Cerâmica Kaspary, Fibraform Indústria de Embalagens Plásticas, Malharia Anselmi, Vinícola Don Guerino, LB Comércio de Cereais, Lauro Weber Agrícola e Grupo K1.