A população de São Leopoldo tem encontro marcado com a cultura no próximo domingo (15), a partir das 15h30min, quando será realizado o Sarau do Rio, envolvendo espetáculos musicais e de teatro, mostras e oficinas de artes visuais, além de barracas de gastronomia e economia solidária. O evento gratuito vai acontecer ao ar livre, junto ao Museu do Rio dos Sinos, no antigo cais do porto da cidade.
— São Leopoldo nasceu à beira de um rio e, com o passar do tempo, virou as costas para ele. O sarau é uma oportunidade de reaproximação — afirma José Ferreira Júnior, um dos idealizadores do projeto.
Sem dúvida, a história de São Leopoldo está entrelaçada com o curso das águas do Sinos. Séculos atrás, os primeiros habitantes da região o chamavam de Cururuai (rio dos ratões dos banhados, na língua guarani). Para a origem do nome atual, há mais de uma versão. A mais plausível é a de que deriva do termo sinus (sinuoso, em latim), referência às inúmeras curvas de seu percurso ao longo de 190 quilômetros, desde a nascente, em Caraá, no Litoral Norte, até a foz no Delta do Jacuí, em Canoas.
Mas há quem diga que o nome tem a ver com sinos que teriam sido jogados no leito do rio por jesuítas em rota de fuga, depois da destruição das missões jesuíticas por portugueses e espanhóis, por volta de 1750. Reza a lenda que, nos séculos posteriores, os navegantes escutavam o tilintar dos sinos ao cruzarem as águas do rio. O certo é que hoje ele abastece uma população de quase 2 milhões de habitantes da região metropolitana de Porto Alegre.
O Museu do Rio está localizado na Rua da Praia (antiga Rua da Margem), junto à margem direita do rio, em uma área de grande valor histórico para São Leopoldo. Nela, em 1824, desembarcaram os primeiros imigrantes alemães, que buscavam vida nova no Brasil. Algum tempo depois, virou ponto de embarque de produtos coloniais transferidos para Porto Alegre. A princípio, as mercadorias eram transportadas em canoas com toldos, chamadas de “cabanas”. A partir de 1846, passaram a viajar em barcos a vapor. Até 1874, ano de inauguração da estrada de ferro Porto Alegre–São Leopoldo, o rio se constituía na única via de comunicação com a Capital.
O casarão do Museu do Rio dos Sinos foi erguido em 1863 por Jacob Blauth, um dos pioneiros da navegação comercial no Vale do Sinos, após adquirir um lote de terra para construir sua residência com um ancoradouro. Mais tarde, o prédio alojou o escritório do cais do porto. No início do século 20, além de local de banho para a população, a região foi sede de competições náuticas (principalmente de remo), que atraíam centenas de pessoas. Com o passar dos anos, a área foi abandonada, sofrendo o impacto de frequentes enchentes. Apenas em 2012, o prédio histórico foi restaurado e transformado em museu, com rico material fotográfico e grande acervo sobre recursos hídricos.
Desde 2017, é também palco para eventos culturais, a exemplo do Sarau do Rio, marcado para o próximo fim de semana. O evento é promovido pela Associação Leopoldense de Esporte e Cultura, por meio do financiamento do Pró-Cultura/RS, com apoio da prefeitura de São Leopoldo e da Klau Brentano Atelier de Artes, além de produção da Simples Assim e patrocínio da Higra e Sulgás.