O Almanaque Gaúcho publicou, na sexta-feira (30), que um observador postado sobre o Viaduto Otávio Rocha, na época da sua inauguração, em 1932, que olhasse para o sul, constataria que a Avenida Borges de Medeiros (que passa sob o viaduto) acabava no casario da Rua Coronel Genuíno. Ali terminava a grande avenida concebida para ligar um lado do promontório ao outro.
Para avançar até a Praia de Belas, a Borges teve que botar abaixo as casas da Rua Coronel Genuíno que ficavam no caminho. Como a parte mais elevada da cidade, onde está a Rua Duque de Caxias (antiga Rua da Igreja), ficava muito acima do nível da borda do Guaíba, tanto no Centro como na Cidade Baixa, as ladeiras (rumo ao norte ou ao sul) eram bastante íngremes. Para amenizar a rampa acentuada, a solução encontrada foi cortar o morro, abrindo uma fenda que rebaixou em quase 15m o leito da Avenida Borges de Medeiros.
Para não truncar o fluxo de trânsito na Rua Duque, foi construído o viaduto, que hoje é um dos símbolos da Capital. Desde 1914, pensava-se em melhorar e alargar a Rua General Paranhos, que, sob essa denominação, incluiu três segmentos antigos em sequência linear. O primeiro e mais velho, entre a Rua Riachuelo e a Duque, chamava-se Travessa do Poço; o segundo, entre a Riachuelo e a Rua General Andrade Neves, era o Beco do Freitas; e o terceiro, da Rua Duque para o sul, chamava-se Beco do Meireles.
Por volta de 1925, a General Paranhos, mesmo com alguma melhoria, tinha apenas 13 metros de largura e não descia até o largo do Porto dos Ferreiros, hoje Praça Montevidéu, onde está a Prefeitura Municipal. As obras da atual Avenida Borges, que tem 21 metros de largura, desenvolveram-se na gestão de três intendentes: José Montaury (prefeito da Capital entre 1897 e 1924); Otávio Rocha (entre 1924 e 1928), que fez a maior parte; e Alberto Bins (entre 1928 e 1937), que só em 1935 concretizou a ligação entre a Rua dos Andradas e a Praça Montevidéu. Na esplanada entre o Mercado Público e o prédio da prefeitura, as antigas casas ao lado do velho Edifício Malakoff também tiveram que ceder espaço para a passagem da Avenida Borges e foram demolidas, como ocorreu na extremidade oposta, na Rua Coronel Genuíno.
Fonte: “Porto Alegre: Guia Histórico”, de Sérgio da Costa Franco