No Almanaque Gaúcho da superedição de 31 de março e 1º de abril, publicamos um pequeno perfil do coronel Franklin Cunha (1858-1934), sob o título de O caudilho de São Sepé. O texto de então foi baseado em informações do livro Ensaios de História Política, do historiador Sérgio da Costa Franco (Editora Pradense, 2013).
Agora, Franklin Cunha, neto do coronel e médico que tem o mesmo nome do avô, enviou-nos uma foto antiga e uma mensagem que encaminhou a título de consulta ao historiador. Sua pergunta foi: “Caro Sérgio, o que estava fazendo meu avô Cel. Franklin Cunha em São Paulo em 1932? Se tu sabes da história, esclareça-me, por favor”.
Como registramos anteriormente, o Caudilho de São Sepé, além de pecuarista, teve participação relevante em acontecimentos políticos e em revoluções como a de 1893 (Revolução Federalista), na qual foi ousado comandante rebelde. Acabou na condição de asilado no Uruguai e na Argentina. Quando ele já havia voltado ao nosso país, a Revolução de 1923 o encontrou. O coronel Franklin, que, por motivos de saúde, estava residindo em Caxias do Sul, mais uma vez foi à luta, aos 65 anos de idade.
O fato de o caudilho haver se engajado nas hostes da Revolução Federalista pode confundir e levar à conclusão equivocada de que ele seria maragato. Apesar de ter servido sob o comando de Gumercindo Saraiva (1893-1894) no princípio da guerra civil, manteve-se sempre ligado aos republicanos dissidentes. O coronel Franklin Cunha morreu em Porto Alegre, aos 76 anos, em 1934.
A resposta de Sérgio da Costa Franco à indagação do neto, sobre a presença do avô em São Paulo em 1932 foi a seguinte: “Era São Paulo reclamando uma constituinte contra Getúlio, então, ditador. Flores da Cunha, no governo do Rio Grande do Sul, apoiou Getúlio, que derrotou São Paulo. Usou muito a força da Brigada, embora o coronel Franklin não fosse da Brigada”.
O que fica evidente é o voluntarismo e a bravura do caudilho, atributos assinalados pelo general Laurentino Pinto, que acompanhou de perto, em outra feita, o protagonismo do coronel Franklin. Em carta enviada ao coronel, o general escreve: “O seu patriotismo, o seu desinteresse, que tanto se distinguiu pelo seu valor nos combates, pela sua humanidade para com os vencidos, e a sua honradez na cautela dos interesses de nossos concidadãos... Sempre pronto a todos os sacrifícios, expondo-vos nos mais renhidos encontros com uma coragem e galhardia que causariam o orgulho de nossos antepassados”.
Essa foto histórica e desconhecida, em que um grupo de gaúchos (tendo à frente e ao centro o coronel Franklin Cunha) aparece de chapéus, lenços, bombachas, botas e rebenques diante do Monumento à Independência (inaugurado em 7 de setembro de 1922), no Ipiranga, local em que Dom Pedro I proclamou a emancipação do Brasil de Portugal, lembra aquela outra icônica dos gaúchos com seus cavalos amarrados ao obelisco, na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, na vitoriosa Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.