O Coral da UFRGS foi criado em 13 de agosto de 1961 por Pablo Komlós, lendário regente húngaro que havia fundado, 11 anos antes, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Concebido para interpretação de obras sinfônicas, em sua primeira fase o coral apenas acompanhava as apresentações da Ospa. Uma das mais marcantes foi a montagem da ópera Aida, de Giuseppe Verdi, em 1965, no Auditório Araújo Vianna, que havia sido reinaugurado no Parque da Redenção um ano antes, depois de ocupar por quase quatro décadas a Praça da Matriz. A ópera narra a história de amor entre o guerreiro Radamés e a escrava Aida no antigo Egito.
No palco, havia cerca de cem músicos da Ospa e 130 cantores do Coral da UFRGS. Na falta de atores, soldados da Brigada Militar exerciam os papéis de guerreiros e escravos, enquanto halterofilistas da Academia Hércules se faziam de guardas do faraó. Havia também figurantes de outras espécies — macacos, cavalos, dromedários e leões, estes enjaulados, obviamente. Embora apreciassem a companhia dos músicos da Ospa, a falta de autonomia do coral causava desconforto entre os cantores.
— Gastávamos as pestanas ensaiando, mas ficávamos em posição secundária. O que havia de bom eram as viagens e as amizades, mas, para nós, aquilo ainda era pouco — diz o médico epidemiologista Jair Ferreira, que ingressou no coral em 1965 e atuou como solista na ópera Aida, fantasiado de egípcio.
O quadro mudou a partir de outubro de 1969, quando o conjunto passou a atuar também de forma autônoma como coro à capela, sob a regência de Nestor Wennholz. Com isso, o repertório ganhou abrangência, abarcando peças de todas as épocas e estilos — renascentista, barroco, contemporâneo, popular, folclore nacional e internacional.
— Entre 1969 e 1971, alternávamos interpretações sinfônicas com atuações à capela. Depois disso, apenas à capela — conta a professora de educação física Doréte Terezinha Simon, contralto que presidiu o coral em duas ocasiões (1992 e 2001). Ela é a cantora que está há mais tempo no grupo, desde junho de 1969.
Em quase seis décadas, o Coral da UFRGS realizou mais de mil espetáculos no Rio Grande do Sul e em outros 13 Estados brasileiros, além de Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai. Nesse período, gravou três discos, em 1973, 2004 e 2014, e ganhou prêmios como o primeiro lugar no II Concurso Nacional de Coros MEC/Funarte/Rede Globo, em 1978, e no XIV Festival Internacional de Coros de Porto Alegre, em 1989. Nos anos 1970, o coral cantava no Salão de Atos da UFRGS, com transmissão ao vivo pela TV Piratini.
Formado por professores, alunos e técnicos da universidade, além de representantes da comunidade, o coral é regido, desde 2009, pelo maestro Lucas Alves, promovendo entre 10 e 15 exibições anuais. O atual diretor-artístico, Bruno Mezzomo, destaca a expansão e o rejuvenescimento do grupo nos últimos anos.
— Até 2015, contávamos com cerca de 30 pessoas no coral. Agora, estamos começando o ano com 80. O crescimento se deve, principalmente, ao maior interesse dos jovens.