O Colégio Anchieta, uma das mais tradicionais escolas do Rio Grande do Sul, está completando 130 anos. O Colégio dos Padres, como era inicialmente conhecido, foi inaugurado no dia 13 de janeiro de 1890 na Rua da Igreja (atual Duque de Caxias), no centro da Capital, em uma casa adquirida da família Fialho, que precisou ser reformada para abrigar a instituição de ensino jesuíta. O processo de aquisição e adequação do imóvel e de implantação da escola foi coordenado pelo padre Francisco Trappe, primeiro diretor do Anchieta, com a colaboração do padre Brikman e do irmão Guilherme Boehlers.
Já no primeiro ano de funcionamento, o corpo discente praticamente dobrou, saltando de 42 na inauguração para 80 alunos ao final do período letivo. Nessa fase, a escola era destinada apenas a meninos entre 9 e 12 anos, que já soubessem ler. Na época, a preocupação era menos com a alfabetização e mais com a orientação moral e religiosa dos estudantes.
A partir de 1897, o Colégio dos Padres passou por uma série de alterações de nome até adotar, em 1901, a denominação Colégio Anchieta, que ficaria consagrada na história da educação do Rio Grande do Sul. A sugestão do nome definitivo partiu do então diretor, padre Conrado Menz, em homenagem a José de Anchieta, jesuíta espanhol conhecido como “Apóstolo do Brasil”. Além de pioneiro na introdução do cristianismo em território brasileiro, José de Anchieta foi poeta, dramaturgo e gramático.
Na metade do século 20, a Capital experimentava uma fase de crescimento acelerado, com aumento de construções e da população, o que se refletia nas ruas do centro da cidade, onde estava localizado o colégio. Ao mesmo tempo, a casa da Rua Duque de Caxias já não comportava a expansão das atividades escolares, o que obrigou a direção da escola a buscar uma alternativa de espaço.
Em 1954, foi adquirido um terreno da Avenida Nilo Peçanha, no bairro Três Figueiras, na zona norte de Porto Alegre, para a construção da nova sede, a qual seria inaugurada em 11 de novembro de 1967. As obras foram realizadas sob a liderança do padre Henrique Pauquet, outra figura de destaque na trajetória do Anchieta. A transferência do colégio trouxe dinamismo para a região, que se desenvolveu rapidamente – hoje em dia, é um dos principais bairros comerciais e residenciais da cidade.
Atualmente, o Colégio Anchieta é uma das 17 escolas de educação básica da Rede Jesuíta de Educação e se constitui em referência de ensino privado no país. Ao final de 2019, contava com 3.130 alunos e 485 colaboradores, entre professores, funcionários e jesuítas. Conforme o diretor acadêmico Dário Schneider, ao longo de 130 anos a escola soube conciliar tradição e inovação, buscando atualizar seus modelos de gestão educativa e de prática pedagógica a partir de uma visão humanista, de modo a não abrir mão de seus princípios e valores.
— Acreditamos que a pessoa se transforma pelo conhecimento e a capacidade técnica que adquire em sintonia com a valorização das questões sociais e ambientais. Vamos continuar formando pessoas conscientes, competentes, comprometidas e compassivas — finaliza Schneider.