Quando uma pessoa faz algo com dedicada paixão, dificilmente o resultado não será bom. O advogado Marcelo Roberto Pellegrini Magalhães, um porto-alegrense nascido em 1974, acaba de lançar um livro que é a prova disso. Pesquisador e entusiasta da aviação comercial, ele trabalhou mais de oito anos junto a arquivos particulares, bibliotecas e coleções de jornais, garimpando folhetos de propaganda, fotografias, entrevistando tripulantes, tudo para contar a história da operação no Brasil de um único e importante tipo de aeronave: o Boeing 707. Esse modelo de avião que, segundo o autor, “ocupa inegavelmente um lugar de destaque na história da aviação, seja por ter sido a primeira aeronave a jato de passageiros para voos de longas distâncias a alcançar verdadeiro sucesso comercial, seja por sua longeva produção e, não menos ainda, por ter sido a célula mater a partir da qual uma família inteira de aeronaves de fuselagem estreita foi desenvolvida”. Com 1.010 exemplares produzidos entre 1957 e 1991 (incluindo-se 154 Boeing 720), o Boeing 707 vendeu mais do que o total combinado de seus pares ocidentais de mesma geração feitos pelas concorrentes.
Com uma das maiores frotas do tipo 707 no mundo e com mais de 50 anos de operação por companhias nacionais, além da nossa Força Aérea, o clássico quadrijato que substituiu nos voos internacionais os antigos Super-Constellation, que usavam quatro motores de pistão e hélices, teve importância fundamental para a aviação brasileira.
O primeiro Boeing 707 que chegou ao nosso país, vindo de Nova York, foi encomendado pela Varig e pousou no Aeroporto Salgado Filho na manhã de chuva fina do dia 22 de junho de 1960, há exatos 59 anos. A obra de Marcelo Magalhães tem formato 24x30 cm, capa dura, mais de 450 fotos, algumas inéditas, e pode ser adquirida pelo fone: (51) 9 9199-1584 ou pelo e-mail: 707brasil@gmail.com.
É natural que um livro sobre um tema tão específico interesse mais ao público aficionado por aviões e aviação, mas não é demais lembrar que, ao abordar a saga desse ícone dos ares, o autor conquista o interesse de qualquer leitor, na medida em que resgata uma parte relevante da história da Varig, a relação do Boeing 707 com a Seleção Brasileira de futebol (foi um deles que trouxe, do México, a taça da Copa e o time tricampeão do mundo) e a trajetória do avião presidencial que acabou, depois de bons serviços prestados, adquirindo o pejorativo apelido de “Sucatão”.