No último dia 19, fez 140 anos que um nobre alemão – abandonando a sua pátria, abdicando da sua progenitura, das riquezas e das mordomias da realeza europeia – casou-se com uma plebeia e escolheu a colônia de São Lourenço, em nosso Estado, para morar e viver da agricultura.
Curt August Adolf Wilhelm Ernst von Steinberg nasceu em 9 de julho de 1846, sendo o primeiro filho do major e ajudante de ordens Ernst Georg Karl, barão de Steinberg, e de Charlotte Adolfine Lambridge von Steinberg, nascida von Hedemann, natural do reino de Hannover. O segundo filho desse casal, o barão (depois, conde) Ernst Harry Adolf Ferdinand Friedrich, nasceu em 8 de agosto de 1848. Curt emigrou para o Brasil, onde se casaria, em 19 de agosto de 1878, na cidade marítima de Rio Grande, província do Rio Grande do Sul, com a filha de Jacob Rheingantz, fundador da colônia de São Lourenço, Thereza Guilhermina Rheingantz, que conquistou, por casamento, o título de baronesa de Steinberg.
Um ano antes, em 1877, o sogro do barão, Jacob, morreu, subitamente, em Hamburgo, na Alemanha, onde fora visitar um de seus filhos (que lá estudava) e angariar mais agricultores para a colônia que criara. O fato inesperado fez com que o primogênito de Jacob, comendador Carlos Guilherme Rheingantz, assumisse a direção da colônia fundada por seu pai, mas, como estava envolvido com a primeira fábrica de tecidos do Brasil, mais tarde denominada Companhia União Fabril, que fundara em Rio Grande, passou a direção do complexo empreendimento colonial para a segunda filha na sucessão, Thereza Guilhermina, que, delegou poderes a seu marido, o barão Von Steinberg, que assumiu a direção até 1890.
O barão, residindo na colônia, promoveu experiências em suas terras, com o plantio de lúpulo, que foi examinado pelo Instituto Imperial de Agricultura, no Rio de Janeiro, sendo considerado de excelente qualidade. Curt von Steinberg morreu precocemente, na colônia que dirigira, aos 47 anos de idade, em 24 de agosto de 1893 (125 anos atrás) sem filhos, pranteado pela viúva, cunhados e sobrinhos.
Com a sua morte, deixou-se de plantar lúpulo naquele município do sudeste rio-grandense, mas a sua curta e marcante presença deixou como herança o nome Coxilha do Barão, a mais famosa localidade turística do interior de São Lourenço do Sul.
Colaboração de Edilberto Luiz Hammes, médico e historiador lourenciano