Ricardo Chaves
“Foi no cenário das últimas décadas do século 19 que começaram a chegar as primeiras levas de jovens sírios, libaneses e palestinos ao Rio Grande do Sul. A maior parte deles, depois de certo tempo comerciando de maneira ambulante (mascateando), estabeleceu-se nas maiores cidades, a maioria com loja de miudezas, armarinhos ou tecidos. A chegada deles coincidiu com uma boa fase da indústria saladeira (charqueadas) no Sul, com o desenvolvimento comercial e industrial da Capital e também com a instalação das chamadas ‘colônias novas’, os novos núcleos de colonização, públicos ou particulares, implantados em áreas não exploradas ao norte e noroeste do Estado. De acordo com dados da década de 1940, apesar da grande mobilidade apresentada, do total desses quase 2 mil imigrantes, uma parcela aproximada de cerca de 20% se espalhou pelo Interior. Há registros, contudo, da fixação, com efetivos bem menores, de sírios e libaneses em centros urbanos importantes: Pelotas, 184 registros; Rio Grande, 153; Santa Maria, 133; Alegrete, 118; Uruguaiana, 116; Passo Fundo, 115; Bagé, 113; Canoas, 80. Tudo indica que a imigração árabe no Rio Grande do Sul foi um fenômeno concentrado principalmente em áreas urbanas do Estado.