O fotógrafo Alfonso Abraham, “garimpando” velhos negativos de fotos feitas pelo seu pai, José Abraham (1921-1997), encontrou uma série de imagens de antigos ônibus que, na década de 1940 e no começo dos anos 1950, transportavam os passageiros entre as cidades do nosso Estado. O início do transporte rodoviário, competindo com os trens, provocou o surgimento de fábricas de carrocerias para transporte coletivo, que eram montadas sobre chassis, na maioria de caminhões importados dos Estados Unidos, que vinham das indústrias automotivas apenas com a cabine e o cofre do motor. Fábricas europeias, como a alemã Mercedes Benz e a britânica Austin, também forneciam chassis. É provável que a empresa Carrocerias Santa Cruz, que construiu alguns ônibus, como esse para a Empresa Emílio Schmidt, em 1948, é que tenha contratado o fotógrafo para registrar seus produtos. Foram importantes, também, outras fábricas de carrocerias, como a Ott, de Novo Hamburgo, a Eliziário, no Passo da Mangueira (atual Cristo Redentor), e depois a Nicola, que se tornaria a grande Marcopolo. Os ônibus de então eram dotados de bagageiros externos (sobre a capota), cujo acesso para que as malas fossem ali depositadas se dava por uma escadinha fixada na traseira do veículo.
Como se pode ver pela foto interna, não havia nenhuma sofisticação, embora os bancos fossem, às vezes, de couro. O acabamento em tapeçaria inexistia. Muitas vezes, na lateral do carro, era pintado um mapa tosco com o roteiro da viagem e o itinerário que a linha percorria. Normalmente, o trajeto era feito com inúmeras paradas ao longo das precárias estradas de chão batido para apanhar e soltar passageiros com suas bagagens e, eventualmente, até mesmo animais domésticos.
Colaborou Guilherme Ely