A Rua Caldas Júnior, no centro de Porto Alegre, antes de homenagear o fundador do Correio do Povo, em 1944, também foi chamada de Travessa Paysandu, tributo ao feito de armas da guerra contra o Uruguai (1864-1865). Mas o nome que por mais tempo perdurou foi Beco do Fanha.
A razão desse estranho apelido é dada pelo historiador Sérgio da Costa Franco: “Por causa de certo taberneiro fanhoso, de nome Francisco José Azevedo, que ali fora morar entre as mulheres de vida airada que povoavam a ruela".
O trecho em ladeira da Rua General Cipriano Ferreira, entre a Duque de Caxias e a Fernando Machado, no centro da Capital, já teve um nome curioso e cercado de lendas: Rua da Cova da Onça. O lugar era tão agreste e pouco habitado, que permitia a presença de animais silvestres. Daí surgiu a história da onça malhada, que, com seus urros noturnos, costumava assustar os raros moradores das imediações.
O cronista Ary Veiga Sanhudo conta que a tal onça ficou tão famosa, que foi preciso o governador da época, José Marcelino de Figueiredo (1735-1814), mandar vir de Viamão gente destemida para acabar com o perigo. "A realidade – escreveu ele – era que não havia noite em que a onça deixasse de botar uns dois incautos a disparar doidamente por aquela lomba abaixo."
No trecho sul da atual Rua Bento Martins, quase esquina com a Fernando Machado, havia, na primeira metade do século 19, um mercadinho onde um cidadão, conhecido como Nabos a Doze, vendia legumes e hortaliças. O apelido teve origem provavelmente porque costumava oferecer a dúzia do produto por um vintém. Por consequência, o quarteirão passou a ser chamado de Rua do Nabos a Doze, ou simplesmente Rua dos Nabos. Essa designação aparece num anúncio do nosso primeiro jornal, o Diário de Porto Alegre, em julho de 1827: "Quem quiser alugar huma escrava para todo o serviço de huma caza, dirija-se a Rua Nabos a Doze, caza nº 8, que ali achará com quem tratar".
No bairro Santana, em Porto Alegre, há uma rua cujo nome causa frequentes confusões de leitura, a Rua Veador Porto. Os menos atentos costumam colocar um "r" ou um "a" a mais, chamando-a de Vereador Porto ou Aveador Porto. É em homenagem a uma figura ligada à Casa Imperial de Dom Pedro II, José Ferreira Porto, gaúcho de Santo Antônio da Patrulha, morto em 1881.
Veador vem do latim venator e significa caçador ou monteiro (caçador em montes). Era também um título honorífico destinado aos amigos da monarquia. Em Portugal, no passado, houve o cargo de monteiro-mor, espécie de superintendente das caçadas reais.