A nomenclatura das antigas vias de Porto Alegre, antes do surgimento das placas de identificação (que só apareceram a partir de 1843), apresentava aspectos curiosos e pitorescos, mas sempre tinha alguma razão de ser. Eram apelidos nascidos de forma espontânea entre os próprios moradores do local. Foi assim que apareceu a Rua dos 7 Pecados Mortais (ou simplesmente Rua dos Pecados Mortais). Hoje, ostenta o honroso nome de Rua General Bento Martins, na zona militar do centro da Capital. Bento Martins de Meneses (1818-1881), Barão do Ijuí, nascido em Cachoeira do Sul, participou da Guerra dos Farrapos.
A razão do nome pitoresco é óbvia. O proprietário de uma área nas proximidades de onde hoje se encontra o prédio do QG do Exército construiu sete modestas casinhas que acabaram sendo ocupadas por "mulheres de vida fácil". O local não demorou para se transformar num popular centro de prostituição.
A conhecida Rua General Vitorino, no Centro Histórico de Porto Alegre, só recebeu esta designação oficialmente em 1870. Antes disso, teve outros nomes, não registrados em placas. Foi Rua da Prisão Militar, Travessa da Caridade, Rua da Alegria e, o mais curioso de todos, Rua do Arco da Velha.
O cronista e ex-vereador Ary Veiga Sanhudo (1915-1997), comentando o assunto, escreveu que aquilo o levava a pensar em fatos verdadeiramente excepcionais ou extraterrestres, coisas como mula sem cabeça ou assombrações. Mas não teve qualquer comprovação disso.
Acrescentou, então: "Por mais que vasculhasse nos alfarrábios que falam da crônica da nossa cidadezinha, nada, absolutamente nada, encontrei que me justifique o tal nome de Rua do Arco da Velha".
A tradicional e, ultimamente, agitada Rua João Alfredo, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, durante muito tempo foi conhecida como Rua da Margem, porque por ali passava o riacho antes de ser canalizado ao longo da Avenida Ipiranga. A designação atual, em homenagem ao conselheiro João Alfredo Correia de Oliveira (1835-1919), pernambucano ligado à Lei do Ventre Livre, foi oficializada em 1888. Nos seus primórdios, aquela via era cortada por meia dúzia de pequenos becos, identificados com nomes curiosos, como Beco Ajuda-me a Viver – que não se tratava de um pedido de socorro, segundo um cronista – e Beco do Curral das Éguas. Além destes, havia o Beco do Céu, o Beco do Vintém, o Beco da Marcela e o Beco dos Coqueiros.
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