Até o início da década de 1940, sem acesso rodoviário ao litoral norte do Estado, a praia dos porto-alegrenses se restringia basicamente aos balneários à margem do Guaíba, na zona sul da cidade. Entre eles, a praia de Ipanema era a que mais atraía banhistas, com suas águas ainda livres de poluição.
No lado oposto do lago, no município de Guaíba, havia também outros pontos bem frequentados, como as praias Alegria, Florida, Sans Souci e Vila Elsa, aonde se chegava por meio de "vapores" que saíam do cais do porto. Mesmo com a inauguração, em 1939, da estrada ligando a Capital a Osório e Tramandaí – abrindo novos empreendimentos –, os balneários do Guaíba continuaram muito disputados até os anos 1970.
Com a implantação da autoestrada e a melhoria da atual ERS-040, decretando o fim da precariedade rodoviária, os veranistas passaram a mudar seu destino. Com isso, a praia de Ipanema e suas vizinhas deixaram de ser atrativas. O que também contribuiu muito para isso foi a crescente deterioração de suas águas, com o despejo descontrolado de esgotos sanitários. Aliás, em tupi-guarani, a palavra Ipanema – dizem os etimologistas – significa "água ruim", "rio sem peixes".
O Loteamento Balneário Ipanema foi aprovado pela prefeitura de Porto Alegre em 1938, com os nomes das ruas dados pelo proprietário, Oswaldo Coufal, e seus sócios, os irmãos Mânlio e Ariosto Agrifoglio. Com a venda de terrenos, muitas famílias construíram no bairro suas casas de veraneio. Naquele tempo, os frequentadores de fins de semana de calor – além da convivência familiar e entre amigos, do sol e de uma água sempre morna e sem ondas – não tinham muito o que fazer.
As opções de alimentação se restringiam basicamente ao cachorro-quente oferecido por vendedores ambulantes, que mantinham o pão acondicionado numa cesta e a salsicha conservada numa lata com água aquecida a carvão. Como tempero, apenas mostarda e ketchup. Os tempos eram outros, as exigências eram menores.