O primeiro jornal a circular na Província de São Pedro, em 1827, o Diário de Porto Alegre, teria completado, no dia 1º de junho último, 190 anos, coincidentemente numa data que, quase dois séculos depois, por outro motivo, viria a se transformar no Dia Nacional da Imprensa. Teve duração efêmera, apenas um ano, fechando em 30 de junho de 1828.
Hoje, aquele veículo nem seria considerado jornal, pois não passava de uma única folha, impressa precariamente dos dois lados, medindo 30cmx18cm, do tamanho das modernas A4 que usamos em nossas impressoras. Mas trazia as informações básicas para a sociedade da época, já que se constituía no único meio de comunicação existente, afora a comunicação oral.
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Publicava os atos do governo da província, notícias sobre comércio e navegação, anúncios variados, incluindo os de venda ou aluguel de escravos. De circulação diária, menos aos domingos e feriados, recebeu o título como homenagem à capital gaúcha. Não era vendido na rua. Só podia ser adquirido a 40 réis num único ponto: na loja de José Justiniano de Azevedo, na Rua da Praia, número 85.
Segundo o coordenador do setor de imprensa do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa, Carlos Roberto da Costa Leite, a existência do Diário de Porto Alegre se tornou possível graças à proteção do governador da província, o brigadeiro José Maciel, e à participação do impressor Dubreuil e do tipógrafo Estivalet, ambos franceses, que desertaram, durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828), das tropas do general argentino Carlos Maria de Alvear (1789-1852).
Há controvérsia em torno da existência de uma coleção do jornal em Porto Alegre. Na verdade, só são conhecidos dois exemplares, um do Musecom e outro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.