Foi um modismo que durou até o início deste século. Não havia caminhoneiro que não gostasse de exibir suas frases cheias de criatividade, bom humor e malícia. O assunto chegou a render, em 1986, um livro, A Sabedoria nos Pára-choques, em que dois irmãos jornalistas de Flores da Cunha, Antônio Coloda (foto) e Santos C. Coloda (frei capuchinho, falecido em 2013), chegaram a reunir, em 10 edições sucessivas, mais de 5 mil frases e venderam mais de 50 mil exemplares. A obra virou até samba-enredo no Carnaval de Florianópolis, pela Escola de Samba Consulado, em 1986.
Segundo revelou Antônio Coloda ao Almanaque, não foi por proibição que as frases desapareceram, mas sim porque uma resolução do Denatran, por volta de 2004, obrigou o motorista a colocar faixas reflexivas nos para-choques, não sobrando espaço para o caminhoneiro expressar suas ideias.
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As frases aparecem no livro em mais de duas dezenas de modalidades, como românticas, críticas, intelectuais, filosóficas, gozadoras, familiares, dedicadas à mulher, enigmáticas e religiosas, entre outras.
Criatividade dos caminhoneiros
* Beijo é igual a ferro elétrico: liga em cima e esquenta embaixo.
* A velocidade que emociona é a mesma que mata.
* Por que ficar de braços cruzados se o maior homem morreu de braços abertos?
* Para que um olho não invejasse o outro, Deus colocou o nariz no meio.
* É triste a dor do parto, mas eu tenho que partir.
* Se correr, o radar pega; se parar, o banco toma.
* Motorista é que nem pneu, quanto mais trabalha, mais liso fica.