Em julho de 1837, há 180 anos, ocorria, nas imediações de um capão próximo à estrada carreteira que levava a Cruz Alta, um confronto entre as forças imperiais da Leal Divisão Cruz-Altense, lideradas pelo chefe político de Cruz Alta, José Vidal Pilar, e as tropas farroupilhas acampadas no referido capão, sob o comando do general João Antônio da Silveira.
O Combate de Porongos aconteceu no início da Revolução Farroupilha, quando Bento Manoel Ribeiro (que retornara ao lado farrapo) tenta conquistar o apoio do então presidente da Câmara de Vereadores de Cruz Alta, Atanagildo Pinto Martins.
A fonte documental que comprova que o combate ocorreu nessa região é o livro I de Atas da Câmara de Vereadores de Cruz Alta, especificamente nas sessões de 1º de agosto (folhas 75 e 76, verso) e 6 de outubro de 1837 (folhas 78 e 79, verso). As referidas atas estão no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. O Combate de Porongos, que ocorreu no ano de 1837, nos campos de Santa Bárbara, foi descrito por vários autores cruz-altenses em diferentes épocas, como no livro A História de Cruz Alta, de Prudêncio Rocha, publicado em 1962, e na segunda edição, de 1980. Outro autor que menciona o Combate de Porongos, e que este teria ocorrido próximo à sede da Fazenda Santa Bárbara, foi o coronel Aristides de Moraes Gomes, na obra Fundação e Evolução das Estâncias Serranas, publicada em 1966.
No ano de 2004, o autor Rossano Viero Cavalari publica, em parceria com a Universidade de Cruz Alta, o livro A Gênese de Cruz Alta, e dedica um capítulo inteiro para explicar a participação de Cruz Alta na Revolução Farroupilha, detalhando os acontecimentos que envolveram o Combate de Porongos, ocorrido no atual município de Santa Bárbara do Sul.
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No entanto, a menção mais antiga é a do jornalista Evaristo Affonso de Castro, na obra Notícia Descritiva da Região Missioneira da Província de São Pedro do Rio Grande, do ano de 1887, cuja obra se encontra no Museu e Arquivo Histórico de Santa Bárbara do Sul para consulta. Em Santa Bárbara do Sul, o escritor Lauro Prestes Filho pesquisou a memória oral sobre o combate, publicando uma crônica sobre o tema no livro Crônicas II de Santa Bárbara do Sul, em 1989.
Desde o ano de 1987, a chama crioula é acesa no Capão de Porongos. Por iniciativa do presidente da Câmara de Vereadores de Santa Bárbara do Sul, Adão Pedro Soares, na Semana Farroupilha de 1988 foi inaugurado o Marco do Combate de Porongos, baseado em uma pesquisa histórica desenvolvida por Lauro Prestes Filho.
Entretanto, apesar da importância histórica do combate para toda a região do Planalto Médio, pois Cruz Alta, onde foi instalado o regime republicano, é município-mãe de mais de 200 municípios, incluindo Santa Bárbara do Sul, cenário do confronto, ele é pouco conhecido pela historiografia oficial, gerando dúvida quanto à veracidade dos fatos devido à confusão com a batalha que aconteceu no Cerro de Porongos, em Bagé (na área do atual município de Pinheiro Machado), no ano de 1844, que ficou conhecida na historiografia moderna como a “Traição de Porongos”, quando centenas de lanceiros negros foram mortos numa emboscada.
Em vez de confundir o confronto de Porongos ocorrido em Santa Bárbara do Sul com o de Bagé, deveríamos valorizar a história local.
Colaboração de Linara Cristina dos Santos, graduada em História pela Unijuí e pesquisadora do Museu e Arquivo Histórico de Santa Bárbara do Sul (MAHSBS).