Nesta segunda-feira, dia 15 de maio, às 14h, no Espaço de Documentação e Memória Cultural da Universidade (Delfos), no sétimo andar da Biblioteca Central Irmão José Otão, no Campus da PUCRS (Avenida Ipiranga), será oficializada a doação, por sua família, do acervo do chargista e cartunista SamPaulo (Uruguaiana, 1931 – Porto Alegre, 1999). O evento, aberto ao público, deve contar com a presença de seus parentes e amigos. Lá estarão expostos alguns dos trabalhos que fazem parte da alentada produção do desenhista. Após a morte de SamPaulo, cujo nome de batismo é Paulo Brasil Gomes de Sampaio, em fevereiro, véspera do Carnaval de 1999, seus "guardados" ficaram com sua viúva, Eneida Leal de Sampaio.
O material reunido era abundante, pois SamPaulo guardava tudo, embora de forma completamente desorganizada. Muita coisa mesmo: desenhos de várias épocas de sua vida (inclusive da infância), recortes de charges publicadas, originais destas charges, recortes de entrevistas que deu e de reportagens que o citavam, fotos, bilhetes de amigos e familiares, recordações de viagens, documentos... enfim. Quando Eneida decidiu se transferir e morar numa cidade do Litoral, ela e a sobrinha Maria Lucia Sampaio (filha de José Miguel Sampaio, irmão de SamPaulo, mais conhecido como Sampaio, 1927-2017, também consagrado cartunista) começaram a conversar sobre que destino dar para esse riquíssimo material, que estava acondicionado, improvisadamente, em diversas caixas de papelão.
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A viúva achou por bem que tudo ficasse sob os cuidados de Maria Lucia, aqui na Capital. Com a intenção de fazer um livro sobre o trabalho de seu pai, a guardiã temporária do acervo do tio, em 2007, procurou a professora Alice Therezinha Campos Moreira, responsável, na PUCRS, pelo projeto de digitalização de todas as edições da Revista do Globo. Queria solicitar as reproduções digitais, em alta resolução, dos desenhos publicados por Sampaio na década de 1940, naquela publicação da Editora Globo. Na conversa, falando também sobre o acervo de SamPaulo, Alice se mostrou interessada. Como tudo estava reunido, mas totalmente desordenado, Maria Lucia iniciou de forma amadora, sem nenhum método técnico, uma tentativa de inventariar o conteúdo daquelas caixas. Ela deu uma organizada, digitalizou algumas charges e teve e ideia de fazer o blog que está na rede desde 2012.
Mesmo depois de 13 anos da morte do criador de Sofrenildo, um dos principais personagens de SamPaulo, o blog foi um sucesso, o que estimulou a vontade de entregar o acervo a uma instituição que não só o preservasse, mas que também pudesse disponibilizá-lo para consulta. Foi considerado que, certamente, futuros trabalhos acadêmicos poderiam utilizar as charges políticas de SamPaulo como material de análise de importantes momentos de nossa história. Além disso, seu humor agudo traça um perfil preciso do comportamento dos gaúchos. Com a aprovação de seus filhos e o fundamental auxílio financeiro da irmã gêmea de SamPaulo, Theresa, foi contratada a arquivista Maria Osmari para organizar o acervo. Pronta a catalogação, trabalho meticuloso feito por ela com muita dedicação, a família teve condições de procurar o Delfos.
Para alegria de todos os envolvidos, tanto o coordenador- geral, professor Luiz Antonio de Assis Brasil, como o coordenador-executivo, professor Ricardo Barberena, demonstraram grande interesse em acolher e preservar a memória do grande SamPaulo.