Sempre alerta para servir fazendo o melhor possível. É assim que vivem milhares de jovens e adultos que celebram, neste domingo, dia 23, o Dia Mundial dos Escoteiros. No Rio Grande do Sul, são 13 mil associados nos Escoteiros do Brasil, destes, 3 mil são adultos voluntários que dedicam seu tempo em prol da educação e formação de quase 10 mil jovens entre sete e 21 anos.
O Movimento Escoteiro foi fundado em 1907, na Inglaterra, por Robert Baden-Powell, condecorado militar britânico e autor do livro Escotismo para Rapazes, considerado o marco inicial do movimento e que, por décadas, influenciou grupos de adolescentes de todo o planeta que formaram as primeiras tropas escoteiras. Inspirado por valores como cidadania, honra, solidariedade e altruísmo, Baden-Powell escolheu o Cavaleiro São Jorge como padroeiro dos escoteiros. Por esse motivo, 23 de abril, Dia de São Jorge, foi a data escolhida para a comemoração do Dia do Escoteiro.
Leia também
Última semana de abril terá encontros das famílias Balbé, Bronca, Jacob Canal
As coisas no tempo
No RS, o escotismo surgiu em 1913, com a criação do Grupo Escoteiro George Black, sediado na Sogipa, em Porto Alegre, e que continua em plena ação. Um dos eventos de maior destaque do escotismo em nosso Estado foi o Jamboree Panamericano, realizado em janeiro de 1981, no Parque Saint’Hilaire, na divisa entre Porto Alegre e Viamão. Esse espaço continua recebendo inúmeras atividades escoteiras.
As diretorias dos escoteiros têm realizado grande esforço para poder permanecer nesse local histórico que abriga o campo-escola. O Jamboree Panamericano recebeu 6 mil participantes de dezenas de países de toda a América. Outro destaque, relativamente recente, na história do escotismo é a participação das mulheres, que iniciou apenas na década de 1980. Antes, as mulheres militavam exclusivamente no Movimento Bandeirante, iniciado em 1909. Com a ajuda de sua irmã, Agnes, Baden-Powell fundou o movimento das Girl Guides (Meninas Guias). Nome escolhido porque traz a imagem daquelas que abrem caminhos, que vão à frente e abrem passagem para outros. No Brasil, o movimento foi nomeado de forma a preservar esse sentido, ao adotar o nome “Bandeirantes”. Olave, esposa de Baden-Powell, apaixonada pela causa, juntou-se a Agnes no trabalho de consolidação do movimento. Olave trabalhou muito no fortalecimento e expansão do bandeirantismo pelo mundo, esteve no Brasil e, inclusive, em Porto Alegre, em junho de 1959.
Nos anos 1960, as bandeirantes passaram a aceitar também meninos. O Grupo George Black foi o primeiro a adotar meninas e, portanto, equipes mistas. O Jamboree de 1981 foi a primeira atividade internacional no Brasil a contar com a participação de meninos e meninas. Hoje, quase 40 anos depois, uma mulher, Cristine Ritt, de 30 anos, é, pela primeira vez, a diretora-presidente na Região Escoteira do RS.
Talvez tenha demorado, mas a presença dela é prova inequívoca de que aqueles que cultivam valores encontram educação e uma formação ética (tão em falta) e estarão sempre mais sensíveis às justas necessidades de igualdade e mais imunes aos preconceitos.
Pode até parecer ingênuo e anacrônico.
Não é.
Colaboraram Antonio Carlos Hoff e Gabriel Rodrigues