Saudosistas e aficionados por carros antigos costumam lembrar em suas animadas conversas de um elegante, espaçoso e confortável automóvel brasileiro, o Simca, nome simplificado da Société Industrielle de Mécanique et Carrosserie Automobile. O Chambord, baseado no homônimo francês, foi o primeiro modelo da marca, produzido no Brasil a partir de 1959. Depois, vieram o Présidence, Rallye Especial e STD, Jangada (a luxuosa camioneta), Alvorada, Profissional, Esplanada e Regente.
O Simca Présidence foi o top de linha e, por alguns anos, o automóvel produzido aqui mais caro do Brasil. Impressionava, especialmente, pela traseira, onde um grande estojo metálico, o chamado "kit continental", abrigava o pneu estepe e tinha externamente uma calota raiada com o brasão da marca a ornamentá-lo. Internamente, o luxo ficava por conta dos bancos em couro e de um minibar acoplado, entre os passageiros, ao encosto traseiro, com destaque para o copo de cristal com o logotipo da Simca. Luzes de leitura, bolsas com zíperes para guardar pertences, jornais e revistas, desligamento automático dos pisca-piscas pelo tempo aumentavam o requinte.
Até abril de 1964, o modelo saía da fábrica nas cores preto ou gelo-iceberg. A partir daí, foi redesenhado, como todos os demais da linha, ganhando colunas traseiras mais altas e largas e novas cores (então metálicas): vermelho-catchup, verde-água, sombra-queimada, dourado e preto. A potência aumentou de 105 hp para 112 hp, atingindo 140 hp em 1967, com um novo motor, o Emi-Sul.
O ex-presidente francês Charles de Gaulle desfilava num Simca Présidence, que era conversível, naturalmente, para permitir a posição em pé, e, claro, dispensava o pneu sobressalente traseiro. O Présidence das fotos que ilustram esta matéria é de 1961 e pertence a Rogério Farias Azambuja, de Passo Fundo. Pode ser apreciado no Museu do Automóvel de Canela, na Praça das Nações, número 281, de segunda a sábado (e aos domingos, a partir de março), das 9h30min às 18h20min.
Colaboraram Rogério Farias Azambuja e Guilherme Ely