A história de uma das épocas mais românticas do automobilismo brasileiro é o tema do livro Aristides Bertuol – O piloto da carretera nº 4. Com prefácio de Emerson Fittipaldi, primeiro brasileiro campeão mundial de Fórmula-1, bicampeão desta modalidade e das 500 Milhas de Indianápolis, a obra (232 páginas) reconstrói o "tempo das carreteras", em uma produção documental e biográfica, que conta a trajetória de Aristides Bertuol (1916-1979) no automobilismo e também como empresário e político. Depois do lançamento em Bento Gonçalves, terra natal do piloto, na última sexta-feira, o livro terá tarde de autógrafos amanhã, dia 9, às 19h, na Feira do Livro, em Porto Alegre.
Um cuidadoso trabalho de pesquisa, elaborado por Gilberto Mejolaro, com textos do jornalista Fabiano Mazzotti, reproduz entrevistas com pessoas que conheceram e vibraram com Bertuol, e exibe, ainda, material fotográfico inédito, parte do arquivo pessoal mantido pela família e imagens recuperadas em outros diversos acervos. O projeto foi financiado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet, com patrocínio de Bradesco, Geremia Redutores, Vinícola Salton e Meber Metais.
Durante o tempo em que Aristides Bertuol esteve com um volante nas mãos para competir (décadas de 1950 e 1960), ele participou de 60 corridas. Em muitas delas, esteve no pódio: foram 14 vitórias, sete segundos lugares e seis terceiros. Sua estreia nas pistas ocorreu em 26 de setembro de 1948, na Copa Rio Grande do Sul. A primeira vitória veio no 4º Grande Prêmio Cidade de São Paulo, no autódromo em Interlagos. Pisando fundo a carretera identificada com o numeral quatro, Bertuol fez história no universo da velocidade. Com um Chevrolet 1939, conquistou aquelas que foram as principais glórias do automobilismo brasileiro na época, como as Mil Milhas Brasileiras. Levantou taças de campeão gaúcho e estabeleceu recordes, como a vitória na etapa Rio de Janeiro-São Paulo no 2º Grande Prêmio Automobilístico Getúlio Vargas – performances que lhe renderam qualificativos como "Intrepidante Aristides Bertuol" e "Ás do volante".
A carreira de Bertuol também foi marcada por acidentes incríveis – numa época em que a tecnologia dos veículos e os cuidados com segurança eram muito diferentes dos de hoje. Esses momentos traçam o perfil de um homem cujo nome está eternizado em rodovias, estádio de futebol e pista de kart, além de ser, hoje, sinônimo da mais alta condecoração outorgada em Bento Gonçalves – a Medalha Aristides Bertuol.
No ano do centenário de nascimento de Aristides Bertuol, ele permanece vivo na memória dos fãs do esporte.