O jornalista Klécio Santos, algum tempo atrás, encontrou num sebo o livro Garibaldi e a Guerra dos Farrapos, de Lindolfo Collor. No exemplar, havia uma carta de dona Leda Collor, filha do autor, falando da obra, e uma dedicatória para o ex-ministro gaúcho Mozart Victor Russomano. Klécio adquiriu a obra e, durante uma entrevista, deu-a de presente ao senador Fernando Collor. Dali, surgiu a ideia de reeditar a obra, com 510 páginas, pelo Senado Federal. O livro acaba de sair da gráfica com uma introdução escrita por Fernando, neto de Lindolfo e filho de Leda. A seguir, um trecho do texto:
"Um ano após a implantação do Estado Novo, Lindolfo Collor publica sua obra-prima: Garibaldi e a Guerra dos Farrapos. Lançada em 1938, caiu em um inexplicável ostracismo até 1958, quando foi reeditada pela primeira vez, após alguns intelectuais como Moysés Vellinho, editor da Província de São Pedro, revista trimestral da Editora Globo, condenarem o ocaso com a obra. A última reedição do livro está prestes a completar três décadas, data de 1989, quando se aproximava o centenário de nascimento de Lindolfo Collor. É hora de preencher esta lacuna para conhecer melhor o passado. Voltamos às suas páginas, como forma de valorizar a história não só do revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, figura essencial na propagação do mito do gaúcho, mas também como uma homenagem à memória do meu avô materno, jornalista, que tanto dignificou a vida política e cultural do Rio Grande do Sul. Com farta documentação, a obra é indispensável para compreender a trajetória de Garibaldi na América do Sul, antes de retornar à Itália em 1848 trajando vestes gaúchas, com ar de guerrilheiro e, mais tarde, lutar pela unificação da Itália, onde entrou para o panteão definitivo dos heróis. Garibaldi sempre foi conhecido como herói da Unificação Italiana e não como comandante da Esquadra da República Rio-Grandense. Um século depois, a passagem de Garibaldi na Revolução Farroupilha era praticamente relegada na bibliografia garibaldina. Na verdade, o próprio Garibaldi não tinha o status de herói farroupilha que viria a adquirir depois, em parte, graças à biografia escrita por Lindolfo Collor, que resgatou com maestria a epopeia do corsário italiano no Sul do Brasil. Com este livro, Lindolfo Collor faz uma viagem pelo tempo, penetrando na intimidade dos acontecimentos da revolução rio-grandense, maior que todas as outras insurreições brasileiras, e confere exatas proporções de realidade à figura do herói que durante cinco anos combateu em terras gaudérias. Ao folhear este livro, é possível apaixonar-se pelas mais diversas facetas de Garibaldi: do libertário político ao romântico e aventureiro sedento de emoções".