Transcorrido mais de um ano desde o início da pandemia de covid-19 e do incentivo para o uso de máscaras, é hora de revisar a coleção desses equipamentos de proteção individual (EPIs) feitos de tecido para quem ainda não promoveu a substituição dos itens mais antigos.
Médicos recomendam que a máscara seja utilizada enquanto estiver íntegra, em bom estado geral, sem afrouxamento na parte frontal ou nas amarras, o que pode fazer com que fique caindo do rosto, sem cumprir o papel de uma barreira eficaz.
Mesmo com a disseminação do uso de máscaras mais filtrantes, como as cirúrgicas e as do tipo N95 ou PFF2, especialistas afirmam que os acessórios de pano continuarão sendo os mais acessíveis e viáveis para a maior parte da população brasileira.
— A máscara de tecido, tão divulgada lá atrás, ainda vale? Vale. A nossa recomendação é de que todos utilizemos máscara. Se todos estivermos de máscara, mesmo de pano, ela consegue conter as gotículas que saem da boca das pessoas com o vírus — reforça a infectologista Marise Reis de Freitas, professora do Departamento de Infectologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Uma máscara que escorrega da face leva o usuário a tocá-la repetidas vezes para colocá-la de volta no lugar, o que aumenta o risco de contaminação. O EPI deve ser bem ajustado ao rosto, sem folgas nas bordas.
— Não pode ter brechas. Por onde sai o ar, sai gotícula — alerta Marise.
O ideal é que o acessório tenha três camadas — ou, pelo menos, duas. Uma única barreira, relembra Marise, nunca foi recomendada, nem mesmo no princípio da crise sanitária.
Fernanda Varela, infectologista pediátrica, pesquisadora do Hospital Moinhos de Vento e membro da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia, indica que o modelo adequado deve ter um forro de algodão (para absorver a água e conter a umidade) junto à pele, a camada externa com tecido impermeável, como o poliéster, e, no meio, algo que funcione como filtro — neste caso, o material mais indicado é o polipropileno.
A sobreposição de mais de um acessório — colocar primeiro a máscara cirúrgica e, por cima, uma de tecido, por exemplo — não é prática consensual entre especialistas. Marise prefere que, em vez disso, opte-se por amarrar com mais firmeza os elásticos da máscara cirúrgica, que ficará melhor fixada ao rosto. Fernanda concorda que a combinação de duas máscaras não é o mais indicado.
— A máscara tem que ser, pelo menos, de três camadas, de preferência. Se só tenho com duas, tudo bem. Sobrepor máscaras não é o ideal, mas pode. As pessoas têm feito isso, a máscara de tecido em cima da cirúrgica. Não é o ideal porque estaremos dificultando ainda mais a respiração. Aumenta o desconforto, a pessoa manipula mais — comenta Fernanda.
Como higienizar e manter máscaras de tecido
- A máscara deve ter, no mínimo, duas camadas. O ideal é que tenha três. A combinação mais adequada de diferentes tecidos é a seguinte: junto da pele, um forro de algodão (para absorver a água e conter a umidade), a camada externa com tecido impermeável, como o poliéster, e, no meio, algo que funcione como um filtro — aqui, o material mais indicado é o polipropileno.
- O acessório deve ficar bem ajustado ao rosto, sem aberturas nas laterais, no queixo ou perto do nariz. Se há frestas que permitem a saída de ar, significa que, pelos mesmos locais, podem sair e entrar partículas contaminadas.
- O descarte e a rotatividade dos acessórios são fundamentais. As fixações nas orelhas costumam ser a parte que se deteriora primeiro. Se o tecido estiver frouxo, desgastado ou com rasgos, é o momento de trocar.
- Máscaras frouxas obrigam o usuário a ficar puxando-as com as mãos para cima do nariz, aumentando o risco de contaminação. Procure acessórios adequados para o seu rosto — nem maiores nem menores.
- Lave a máscara a cada uso. Não importa se você saiu de casa por apenas 10 minutos para ir até a padaria da esquina. Se a máscara foi exposta ao ambiente externo, deve ser colocada à parte na volta para casa e só ser aproveitada novamente após a correta higienização.
- Máscaras de tecido podem ser colocadas na máquina de lavar, com as roupas. Não há problema em juntar os acessórios de toda a família na mesma lavagem.
- A lavagem também pode ser feita à mão, com água e sabão, durante pelo menos 20 segundos — não esqueça de higienizar bem suas mãos antes de iniciar o procedimento. Para secar, exponha ao sol ou leve à secadora de roupas.
- A máscara jamais deve ser passada a outra pessoa depois de colocada sobre o rosto. Se você se deu conta de que pegou a máscara de outro membro da família, por exemplo, encaminhe-a para a lavagem e escolha outra.
- Cada máscara limpa deve ser acondicionada em uma embalagem individual.
- Efetue a troca quando a máscara estiver suja, úmida ou molhada ou a cada intervalo de duas a três horas.
- Se tiver condições, adquira os modelos PFF2 ou N95, mais filtrantes.
Fontes: infectologistas Fernanda Varela, da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia, e Marise Reis de Freitas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)