O Rio Grande do Sul registra, na tarde desta quarta-feira (7), mais de 3,2 mil pacientes com confirmação de covid-19 internados em leitos clínicos. Em comparação com o pico de lotação, há quase quatro semanas, a redução é de 41%.
Apesar de consistente, a redução não ocorre na mesma velocidade com que, semanas atrás, houve a alta. No mesmo intervalo de tempo, quando a curva de demanda apontava para cima, a subida foi de 355% no total de pacientes nesses leitos de baixa e média complexidade.
Em números absolutos, em 14 de fevereiro havia 1,1 mil pessoas com covid-19 em leitos clínicos. Passados 26 dias de alta, o Estado chegou ao pico, com 5,4 mil pacientes nesses leitos. Outros 26 dias depois, agora com a curva em queda, o número chega nesta quarta-feira aos 3,2 mil internados.
A queda no total de internados nos leitos clínicos reflete outra redução, a de novas pessoas contaminadas, dia a dia, pelo coronavírus. O número de novos casos da doença vem baixando desde o início de março.
A melhora nesses dois indicadores começou a aparecer após o governo do Estado adotar medidas mais duras para restringir a circulação do vírus, com aplicação da bandeira preta do sistema de distanciamento controlado, suspensão temporária das flexibilizações municipais e proibição de atividades noturnas.
Situação das UTIs
A melhora no cenário de leitos clínicos, contudo, não foi suficiente, ainda, para esvaziar as unidades de terapia intensiva (UTIs). O sistema de UTIs, assim, segue com 2,3 mil pacientes com covid-19 nesses leitos para casos graves.
Esse indicador oscila entre 2,3 mil e 2,6 mil há quatro semanas, sem queda consistente. Epidemiologistas ouvidos por GZH ao longo da pandemia explicam que os números envolvendo internações em UTIs e óbitos são os últimos a refletir qualquer mudança de cenário.
O esgotamento se reflete também nos dados regionais. Nesta quarta, das 21 regiões do Estado, 11 têm ocupação de leitos de UTI privados ou públicos acima de 100%. São as zonas de Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, Lajeado, Palmeira das Missões, Uruguaiana, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul, Caxias do Sul, Passo Fundo e Ijuí.
O indicador geral de ocupação de leitos de UTI marcava, na tarde desta quarta, 95,7%. Quando o indicador está acima de 90%, significa que o sistema está em esgotamento, com ativação do último nível de contingência hospitalar.
Quando a ocupação de leitos passa de 100%, significa que há mais pacientes internados em situação grave do que o total de vagas de UTI oficialmente abertas. Na prática, quer dizer que há algum grau de improvisação no atendimento.
O problema se manifesta na existência de listas de espera para novas internações em UTIs. Na tarde desta quarta, apenas na Capital, havia 125 pessoas esperando vaga.