O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, informou nesta sexta-feira (5) que a bandeira preta, de altíssimo risco para o coronavírus, seguirá valendo em todo o Estado até 21 de março. O sistema de cogestão, que permite flexibilização das atividades, também permanece suspenso durante este período.
Leite anunciou ainda a prorrogação da suspensão das atividades gerais entre as 20h e as 5h até 31 de março. Esta medida está em vigor no RS desde 20 de fevereiro.
Outra medida anunciada é a que proibe a venda de produtos não essenciais, como eletroeletrônicos e itens de bazar, em supermercados de forma presencial. A venda por delivery segue autorizada. A medida tem como objetivo de reduzir o movimento nos locais e evitar uma concorrência injusta com demais lojistas que estão proibidos de abrir as portas. Um decreto complementar deve ser publicado ainda nesta sexta, prevendo sanções aos estabelecimentos comerciais que descumprirem a regra, que começa a valer na segunda-feira (8).
Além disso, no Litoral, o banho de mar e a prática de esportes aquáticos estão proibidos, assim como em rios e lagoas. Atividades físicas, como caminhadas e corridas na beira da praia, seguem permitidas.
O governo também vai alterar protocolos da bandeira vermelha, de risco alto para covid-19, tornando-a mais restritiva.
As regras mais rígidas foram tomadas em razão do agravamento da pandemia do coronavírus no RS. Nas últimas semanas, foram registradas falta de leitos de UTI em todo o Estado e aumento no número de casos e de mortes pela doença.
— Estamos numa situação muito crítica e que piora a cada dia. Mesmo com os esforços de ampliação de leitos, a velocidade de propagação do vírus e a velocidade do aumento das internações hospitalares é enorme, muito maior do que tivemos nos momentos críticos do ano passado. Em cada um dos picos de julho e novembro, chegamos a 2,6 mil pacientes internados em leitos clínicos e de UTI. Agora, temos mais de 7,2 mil pessoas hospitalizadas por covid-19 — explicou o governador.
Ampliação do Samu
O governador também anunciou ampliação do atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) aos municípios gaúchos, pelo projeto intitulado Chamar 192. Hoje, 226 localidades gaúchas não contam com o serviço. A cada adesão ao projeto, o Estado pagará R$ 15 mil ao município e mais RS 30 mil para custeio, por dois meses, para que as prefeituras possam contratar e disponibilizar o serviço. A localidade que integrar o projeto deverá manter uma equipe com pelo menos um motorista e um técnico de enfermagem ou socorrista para o atendimento, além de aderir ao sistema do Samu pelo telefone 192.
Verbas para a saúde
Como já havia anunciado anteriormente, Leite afirmou que o governo ampliou o investimento com a saúde durante a pandemia. Os gastos na área aumentaram em cerca de R$ 1 bilhão em 2020 se comparado a 2019, com recursos estaduais e federais.
O Executivo divulgou que o Fundo Estadual da Saúde repassou, na quinta-feira (4), R$ 17,9 milhões aos municípios gaúchos que realizam a gestão de seus próprios serviços de saúde, recursos que podem ser utilizados inclusive para a locação de equipamentos como respiradores e monitores.
"Com o objetivo de garantir os atendimentos na rede hospitalar do RS na fase mais crítica da pandemia de coronavírus, o governo do Estado está pagando diárias (de R$ 1,6 mil/dia) de mais 216 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Adulto que ainda não foram habilitados pelo Ministério da Saúde a receber recursos ou que não tiveram a habilitação prorrogada neste primeiro semestre de 2021", informou o governo estadual.
Os leitos que estão sendo pagos pelo Estado já estão em operação em diversas regiões do Estado, com equipamentos e equipes médicas. São leitos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), exclusivos para tratamento da covid-19.
O custeio de serviços de alta complexidade é de responsabilidade do governo federal, e os pagamentos realizados pelo Estado ocorrem em caráter excepcional.
— Estamos gastando com leitos de UTI enquanto poderíamos estar investindo em medicamentos ou em equipamentos, por exemplo — afirmou a secretária da Saúde, Arita Bergmann, que também participou da live nesta sexta.
A secretária afirmou ainda que o governo do Estado pediu ao Ministério da Saúde cem respiradores e cem monitores. Segundo ela, há a possibilidade de que seja enviado ao RS na próxima semana respiradores de transporte. Mas Leite alerta:
— Não há espaço para ampliação infinita dos leitos. Por isso, a gente precisa da conscientização de todos.