O Rio Grande do Sul registra 165 casos de pessoas autodeclaradas indígenas que testaram positivo para coronavírus, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES). O total considera dados desde o início da pandemia, em março. Há, ainda, dois óbitos pela doença neste grupo da população em solo gaúcho. O Estado não soube informar o número de recuperados.
Os testes positivos estão espalhados em 22 cidades gaúchas. O primeiro óbito ocorreu em Planalto, no norte do Estado. O paciente tinha 82 anos e faleceu na madrugada do dia 17 de junho. A segunda morte foi registrada nesta segunda-feira (22), em Constantina, também na região norte, e vitimou o cacique Lourenço Amantino, 62 anos.
Consultada sobre as ações realizadas junto às comunidades indígenas, a SES informou que apenas equipes vinculadas à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde, podem acessar as aldeias. Ainda assim, o órgão gaúcho afirma que presta assistência na área de vigilância, além de distribuir insumos de higiene e equipamentos de proteção individual.
“Além disso, o RS flexibilizou a utilização de recurso destinado à saúde indígena para que pudesse, durante o estado de calamidade pública, ser utilizado para garantia da segurança alimentar nestas comunidades”, destacou a SES, através de nota.
No Rio Grande do Sul, há 32 mil pessoas que se autodeclaram indígenas. Dessas, cerca de 24 mil moram em aldeias.
No país, entre a população indígena, há 4.235 casos confirmados de covid-19, com 2.068 pessoas recuperadas, o equivalente a 49%. Há, ainda, 566 casos suspeitos. O total de óbitos chega a 119.
Procurada pela reportagem, a Sesai informou que não faz o controle dos números estaduais, mas por Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). O Rio Grande do Sul compõe o DSEI Interior Sul, que também contempla Santa Catarina. O órgão também frisou que não informa etnias ou aldeias dos doentes por "respeito ético aos indígenas".
Cidades
Ao menos quatro cidades já registraram surtos de covid-19 em aldeias indígenas. Em Porto Alegre, 52 habitantes de uma aldeia da etnia caingangue foram testados, com 16 confirmações. Todos estão isolados. A situação levou a Secretaria de Saúde da Capital a estender a testagem a todos os 202 moradores do local. O início da segunda fase de coleta está previsto para esta quarta-feira (24).
Em São Leopoldo, em aldeia da mesma etnia no bairro Feitoria, coletas foram iniciadas a partir de 17 de junho. Até o momento, 172 indígenas foram submetidos a testes rápidos e 24 estão com covid-19. De acordo com o secretário municipal da Saúde, Ricardo Charão, todos estão em isolamento. Um caminhão sanitizou as áreas comuns do local.
Em Montenegro, entre 57 indígenas de uma aldeia caingangue, 28 tiveram a covid-19 confirmada. No entanto, de acordo com a secretária municipal da Saúde, Cristina Reinheimer, estão todos curados e, desde o dia 8 de junho, não há novos registros no local.
Em Benjamin Constant do Sul, o surto foi registrado na Unidade Básica de Saúde que fica dentro da aldeia indígena, habitada por cerca de mil pessoas, com quatro doentes. A secretário da Saúde do município, Nataliê Nazari, relata que cerca de 80 pessoas foram testadas, com oito resultados positivos. No entanto, a cidade não tem novos casos de covid-19 desde o início de junho.