Depois de o governador Eduardo Leite anunciar, na noite deste sábado (20), que cinco regiões do Estado devem entrar em bandeira vermelha a partir de terça-feira (23), prefeitos estudam a possibilidade de recorrer da decisão. As prefeituras de Esteio, Ivoti e Cachoeirinha confirmaram que vão tentar reverter a medida.
Além de Porto Alegre, as cidades de Canoas, Novo Hamburgo, Capão da Canoa, Palmeira das Missões e seus municípios vizinhos subiram o nível de risco e terão 24 horas para contestar os dados apresentado pelo governo.
Na Capital, onde a situação tem se agravado nos últimos dias e o governo municipal já indicava a necessidade de adotar normas mais restritas, o prefeito Nelson Marchezan deu a entender, no Twitter, que o município não só deve acatar a bandeira, mas enrijecer regras a partir de segunda-feira (as medidas do governo estadual passam a valer na terça-feira): "A prefeitura vai fechar, a partir desta segunda-feira, 22, o comércio de Porto Alegre, mantendo abertos apenas os estabelecimentos e serviços expressamente autorizados, restaurantes até as 17h, além dos autônomos e microempreendedores individuais", escreveu.
Além de Porto Alegre, São Leopoldo e Sapucaia do Sul confirmaram que vão acatar a bandeira vermelha.
Confira a repercussão nas outras cidades:
Esteio
O prefeito Leonardo Pascoal (PP) vai entrar com recurso para reverter a bandeira vermelha na cidade. A assessoria da prefeitura diz que o aumento na quantidade de leitos disponíveis em Esteio vai ser levado em conta na discussão com o governo.
— O município irá recorrer, mas com o objetivo de mostrar o quanto evoluiu com relação ao número de leitos hospitalares. Durante a semana, já se apresentavam indicativos de mudança e, por essa razão, havia uma articulação com os demais prefeitos, secretários de saúde e diretores de hospitais da região para traçar estratégias de reversão da bandeira. Hoje, prefeitos e secretários se reúnem para alinhar as ações já realizadas, as que estão em andamento e as que serão feitas, e com isso embasar recurso ao governo do Estado.
A prefeitura vai manter a bandeira laranja até terça-feira (23), antes do parecer do Estado sobre o recurso:
— Importante salientar que a estratégia para a mudança de bandeira não é de pressão política, mas no sentido de apresentar a ampliação do número de leitos de UTI da região, reduzindo assim o índice de ocupação e o ranqueamento em que se encontra. Domingo e segunda-feira, manteremos a bandeira laranja. Na segunda à tarde, com a resposta do recurso, divulgaremos a definição final da bandeira que irá vigorar a partir de terça-feira.
Ivoti
A assessoria da prefeitura de Ivoti informou que encaminhamento seria feito em conjunto com outros municípios ligados à Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos e não será um recurso judicial.
Cachoeirinha
A prefeitura da cidade também afirmou que vai pedir recurso da nova classificação.
Novo Hamburgo
Em Novo Hamburgo, onde houve piora em todos os indicadores que medem a evolução da doença e as hospitalizações provocadas pelo novo vírus dispararam 154%, a prefeita Fátima Daudt considera que a bandeira vermelha já era esperada. Ela diz que os números apresentados pelo poder público estadual vão ao encontro do que vinha sendo observado na região nos últimos dias:
— Estamos fazendo avaliações técnicas, mas a tendência é não pedir revisão, porque já estávamos observando um aumento no contágio.
Segundo ela, antes do anúncio do governador, o município já havia endurecido regras e ampliado o poder da fiscalização, permitindo que fechassem estabelecimentos que estavam descumprindo as normas de distanciamento social.
Canoas
Na região de Canoas, onde as hospitalizações confirmadas por covid-19 cresceram 92% na última semana, o prefeito Luiz Carlos Busato manifestou-se em seu Twitter, dizendo que o município irá analisar os indicadores do governo antes de decidir se recorrerá ou não. "A medida acarreta uma série de restrições que impactam na vida da cidade e na retomada das atividades, o que nos traz apreensão. Vamos dialogar com responsabilidade, buscando equilíbrio, segurança e preservação de vidas", escreveu.
Neste domingo (20), a assessoria da prefeitura afirmou que a ideia é pedir a reclassificação, mas "via diálogo". Serão apresentados números referentes aos novos leitos abertos na região.
Palmeira das Missões
O prefeito de Palmeira das Missões, cuja região compreende 52 municípios, disse que irá acatar o que a maioria decidir em relação ao recurso. Ele diz que foi surpreendido pela troca de bandeira, mas admite ter observado piora na situação do município, que registrou quatro óbitos nas duas últimas semanas:
— A gente tem notado um agravamento (da situação). Se os dados do governo estiverem de acordo, não nos resta outra alternativa a não ser seguir as regras, até porque em primeiro lugar está a vida das pessoas.
Capão da Canoa
Já no Litoral Norte, a movimentação deve ser pela contestação. Segundo o prefeito de Capão da Canoa, Amauri Germano, o município conta com um hospital de campanha com 42 leitos clínicos não contabilizados pelo Estado. Ele argumenta, ainda, que o aumento no número de casos se deve a um maior número de testes realizados nas últimas semanas. Pretende apresentar uma "contraproposta" ao governo, prevendo o fechamento do comércio apenas aos finais de semana.
— Vamos apresentar uma defesa e propor que o comércio feche nos finais de semana porque o fluxo maior é de pessoas que vêm de outras regiões — diz.
Na semana passada, as zonas de Santa Maria, Santo Ângelo, Uruguaiana e Serra haviam sido classificadas na coloração vermelha — o que despertou inconformidade entre prefeitos. As zonas de Santa Maria e Santo Ângelo conseguiram reverter a decisão e retornar ao nível laranja após apresentar argumentos como ampliação no número de leitos hospitalares e estabilização no número de internações.