Piorou sensivelmente o mapa de risco da pandemia no Estado. O número de regiões sob bandeira vermelha passou de quatro para nove. A situação ganhou contornos críticos sobretudo na parte nordeste do território gaúcho, onde as restrições agora se espalham por Caxias do Sul, Erechim, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Porto Alegre, Capão da Canoa, Novo Hamburgo e Canoas. Santo Ângelo, nas Missões, completa a lista das regiões em estado de alerta.
No total, são 301 municípios sob ameaça de fechamento do comércio a partir de terça-feira (30), quando entram em vigor as medidas de contenção social. Na segunda-feira (29), porém, o Estado divulga o mapa definitivo após julgar os eventuais pedidos de reconsideração das prefeituras.
Desde a adoção do modelo de distanciamento controlado, em 10 de maio, é a primeira vez que o mapa do Estado tem tantos municípios em situação de risco. Em todo o Rio Grande do Sul, somente Bagé e Taquara permanecem sob bandeira amarela. Outras nove regiões estão com etiqueta laranja.
A situação se agravou principalmente pelo aumento de 31% no número de internações por covid-19 em leitos clínicos, que saltou de 365 para 478. Já a disponibilidade de vagas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) caiu quase pela metade, passando de 587 para 264. Esse aumento do contágio se reflete na capacidade de atendimento da rede de saúde pública, um dos principais indicadores do sistema criado pelo Piratini.
A relação entre o número de leitos livres de UTI para cada leito ocupado por covid em todo o Estado estava sob bandeira laranja até a semana passada, mas o recrudescimento da pandemia elevou o alerta de risco para bandeira vermelha. Esse critério tem forte impacto na medição das condições sanitárias em todas as regiões.
Reincidentes
Por reincidirem na situação de alerta sanitário, os entornos de Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo e Capão da Canoa terão agora de permanecer por 14 dias com a maior parte do comércio fechado. O mesmo ocorre em Caxias do Sul, por ter ficado sob bandeira vermelha duas vezes num período de três semanas.
Um retorno gradual da atividade econômica só será possível a partir de 11 de julho, se as condições de saúde pública melhorarem a ponto de se encaixarem nos critérios de bandeira laranja em duas semanas consecutivas.
Na Região Metropolitana, a expansão da covid-19 foi assustadora na última semana, o número de pacientes internados em UTI cresceu 48%, passando de 121 para 179. Porto Alegre recebeu bandeira preta no indicador que mede as hospitalizações, cujo crescimento foi de 57% nos últimos sete dias. O índice foi semelhante em Canoas (58%) e Capão da Canoa (50%) e também cresceu em Novo Hamburgo, embora em menor escala (11%).
No Norte, Palmeira das Missões retornou à bandeira vermelha devido ao grande número de casos ativos na última semana (193). A região havia conseguido regredir para laranja na segunda-feira (22), após reconsideração do governo, mas os indicadores não se mantiveram sob controle. Em Passo Fundo, uma das primeiras regiões sob alerta vermelho no início da adoção do distanciamento controlado, o quadro se agravou sob quase todos os critérios, sobretudo na oferta de leitos de UTI. Em Erechim, as internações por covid-19 dobraram em uma semana.
Na Serra, Caxias do Sul teve queda nas hospitalizações por covid, mas a capacidade do sistema de saúde piorou com mais leitos de UTI ocupados tanto pela doença como por síndromes respiratórias agudas graves. O quadro geral mais crítico do Estado também colaborou para aumentar as restrições na região.
Nas Missões, Santo Ângelo retorna à bandeira vermelha depois de duas semanas por conta de um piora em todos os indicadores locais. Pelas condições de saúde da região, todos as balizas receberam cor preta. O aumento no número de hospitalizações por coronavírus chegou a 90%.
As atuais classificações, contudo, ainda são provisória. Os municípios têm até as 8h de domingo (28) para recorrerem da decisão ao gabinete de crise. Como já no início da semana, os técnicos do governo do Estado se reúnem na segunda-feira (29) para avaliar eventual incorreção nos dados ou os pedidos de reconsideração dos prefeitos.
Há ainda outro atenuante que pode ser utilizado pelos gestores. Mesmo sob bandeira vermelha, municípios que não tiverem registro de hospitalização e óbito por covid-19 de algum morador nos últimos 14 dias poderão estabelecer regras próprias de distanciamento, desde que obedecendo os parâmetros da bandeira laranja. Do total de 301 cidades, 185 terão essa prerrogativa a partir de terça-feira (30).