A entrada em vigor da bandeira vermelha, que impõe medidas mais restritivas à circulação e a atividades na Região Metropolitana, não intimidou parte do comércio de alguns municípios. Na manhã desta terça-feira (23), a reportagem flagrou dezenas de lojas e outros serviços não essenciais de portas abertas em Novo Hamburgo, São Leopoldo e Canoas, contrariando as determinações do governo do Estado.
Em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, o movimento de pedestres era bem inferior ao identificado na manhã de segunda-feira (23), quando GaúchaZH também esteve no local. Ainda assim, tanto no calçadão Osvaldo Cruz, ponto importante do comércio do Centro, como na Avenida Pedro Adams Filho, havia bazares e lojas de eletrônicos em funcionamento.
Funcionário de uma lanchonete no calçadão que estava atendendo apenas da porta para fora, Antonio Carlos Ribas bem que tentou evitar a presença dos clientes no local. Recolheu as mesas, colocou fitas de isolamento e anexou um aviso pedindo para que não insistissem em entrar. Como resultado, viu parte deles sentarem nos bancos do calçadão, por vezes muito próximos de outras pessoas.
— A gente pede para não comerem aqui, mas dali nós não podemos tocar o pessoal — lamenta.
Apesar dos imprudentes, o movimento, na sua avaliação, estava bem abaixo do normal. Por volta das 11h, tinha vendido cerca de uma dúzia de lanches, um quarto do que costuma comercializar nesse período.
A poucos quilômetros, em São Leopoldo, a situação era diferente. Com boa parte do comércio e serviços concentrados na Avenida Independência, o volume de pessoas na rua era maior. Havia filas em todas as agências bancárias e pequenas aglomerações em frente a restaurantes com comida para levar. Pelo menos duas lojas de grandes redes estavam de portas abertas, recebendo clientes na parte de dentro.
Proprietária de uma farmácia de manipulação na via, Cristiane Von Esenwein observava sem surpresa a movimentação em frente ao seu negócio:
— Agora, está calmo. No começo da pandemia, tinha muito mais filas. Tem uns que acham que a doença não existe.
Por volta das 12h30min, uma equipe da Vigilância Sanitária do município apareceu na via. Pelo menos um estabelecimento, uma tabacaria cujos clientes formavam filas do lado de fora, foi notificada e teve de fechar as portas.
Circulação intensa em Canoas
Em Canoas, as irregularidades eram tantas que estava mais fácil identificar os que aderiram às restrições do que aqueles que burlaram as regras. Em um pequeno eixo entre as ruas Tiradentes e 15 de Janeiro, a reportagem contou mais de 20 estabelecimentos não essenciais, entre lojas de roupas e calçados, bazares, papelarias e lojas de eletrônicos, funcionando normalmente no começo da tarde desta terça-feira. A circulação de pedestres também era mais intensa do que nos outros municípios visitados pela reportagem.
Na segunda-feira (22), o governo do Estado recusou a contestação de Canoas, que tentou reverter a bandeira anunciada no fim de semana. À noite, o prefeito Luiz Carlos Busato disse que o município acataria as restrições previstas na bandeira vermelha e que iria “parar tudo” nesta semana.
As prefeituras de Novo Hamburgo e São Leopoldo não questionaram a decisão do governo estadual.