O governador Eduardo Leite participou na manhã desta terça-feira (23) do programa Timeline, da Rádio Gaúcha. Ele falou sobre a flexibilização de restrições impostas a cidades que no sábado haviam sido colocadas sob bandeira vermelha, mas que, após recurso, voltaram para a bandeira laranja, menos rígida.
– Não se trata de um afrouxamento de regras, mas de reduzir a restrição ao indispensável. A gente só vai conseguir parar o vírus quando tiver vacina ou remédio. Por isso a gente acaba tendo de parar as pessoas. Restringir a circulação é uma forma (de diminuir a circulação do vírus). Mas isso afeta na vida das pessoas, na própria saúde mental – disse. – Não faz sentido impor um grande sacrifício se ela (cidade) nem sequer tem casos. E estamos conversando muito com prefeitos, para ter um equilíbrio entre a proteção à vida e a atividade econômica.
Leite reafirmou que a região metropolitana de Porto Alegre apresenta a situação mais crítica:
– A Região Metropolitana passou o mês de maio com algo em torno de 50 a 60 pacientes internados em UTIs, com coronavírus. Até o começo de junho, quando começou um aumento para 70, 90, 100, 110. A gente começa a analisar essa curva e, se for analisar, se essa curva se mantiver, vai se tornar insustentável. Por mais que a gente tenha ampliado leitos, saímos de 933 para mais de 1.600, se o ritmo de crescimento continuar dessa forma, daqui adua semanas teremos 300 pacientes internados. Por isso temos que fazer essa parada agora, para não chegar ao esgotamento dos leitos.
O governador, contudo, apontou que as restrições já impostas no Estado diminuíram de modo geral a circulação de outros vírus causadores de doenças respiratórias, típicas desta época do ano.
– Com a restrição que se impõe, não só o coronavírus circula menos, como outras doenças respiratórias. O que nós estamos fazendo é monitorar para evitar uma sobreposição de doenças, o que faria o nosso sistema colapsar mais rapidamente.
Ao ser questionado sobre a grave crise econômica que atinge empreendedores do Estado, Leite disse que é "humano", que também sofre com tudo que tem visto, mas que acredita que é "capaz de lidar com os problemas" que a pandemia está impondo.
– Evidentemente que nós somos atingidos, mas me lancei nesse desafio porque me julgo capaz de lidar com os problemas. Nós buscamos fazer o melhor com equilíbrio. Não faz sentido manter o Estado inteiro parado, como outros Estados fizeram, parados há três meses. Buscamos ao máximo que a restrição fosse a indispensável. O modelo de distanciamento controlado era para que agíssemos no local, no momento e na proporção adequada, para que não haja a perda de controle na velocidade do avanço do vírus, ocasionando um colapso no nosso sistema de saúde.