Com dificuldade de acesso à população em 43 cidades no país, os pesquisadores que fazem um estudo inédito sobre a prevalência do coronavírus decidiram ampliar para a quinta-feira (21) o prazo de conclusão das 33,2 mil entrevistas da primeira etapa do trabalho.
A pesquisa é coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e foi lançada no Rio Grande do Sul por iniciativa do governo do Estado. Depois, foi encomendada pelo Ministério da Saúde para atingir 133 cidades e 99,7 mil pessoas, a serem entrevistadas e testadas para anticorpos da covid-19.
Até o final da tarde de segunda-feira (18), 17 mil entrevistas e testes haviam sido aplicados. Por isso, houve a decisão de não fechar o trabalho nesta terça (19), conforme previsão inicial.
Das 43 cidades com problemas, três são da Região Sul: Caçador (SC), Curitiba (PR) e Guarapuava (PR). Nas oito cidades gaúchas que integram o estudo nacional, o trabalho está em ritmo normal.
— Agora é o momento de uma força-tarefa para completarmos o trabalho de campo em todas as 133 cidades. Já completamos mais de 17 mil entrevistas e testes. Nossas equipes estarão espalhadas pelo país para prosseguir com a coleta de dados, apesar de todas as dificuldades. Pedimos a sensibilidade das autoridades locais para garantir que o trabalho seja concluído com êxito — destaca o coordenador do levantamento e reitor da UFPel, o epidemiologista Pedro Curi Hallal.
Os problemas para o trabalho dos entrevistadores — que são do Ibope — começaram no primeiro dia da pesquisa, na última quinta-feira (14). Falha no fluxo de comunicação impediu que secretarias municipais fossem avisadas da atuação das equipes. O Ministério da Saúde garante que fez a comunicação oficial a todas as secretarias estaduais da Saúde, mas a partir delas é que teria falhado o contato com os órgãos municipais.
Houve confusão em pelo menos 15 cidades, onde as pessoas, desconfiadas de golpe ou até de assalto, acionaram policiais. Só em uma cidade de Mato Grosso, Barra do Garças, por exemplo, 15 entrevistadores chegaram a ser levados para a delegacia.
Também houve situações em que as equipes do Ibope sofreram agressões e tiveram o material de trabalho inutilizado pelo manejo descuidado por parte da polícia. Conforme Hallal, negociações para dar andamento ao trabalho estão sendo feitas diretamente nas 43 cidades.
A pesquisa nacional ainda terá mais duas etapas. No Rio Grande do Sul, a quarta etapa do estudo local ocorrerá entre os dias 23 e 25 de maio, e o resultado deve ser apresentado pelos pesquisadores e o governador Eduardo Leite até a próxima quarta-feira (27).
As cidades com problemas no andamento do trabalho:
Minas Gerais
- Belo Horizonte
- Barbacena
- Divinópolis
- Governador Valadares
Rio de Janeiro
- Campos dos Goytacazes
Ceará
- Fortaleza
- Juazeiro do Norte
- Iguatu
São Paulo
- Presidente Prudente
- São José dos Campos
- Sorocaba
- Araçatuba
- Bauru
Espírito Santo
- São Mateus
Mato Grosso
- Cuiabá
- Sinop
- Rondonópolis
- Barra do Garças
Rio Grande do Norte
- Caicó
Paraíba
- João Pessoa
- Campina Grande
- Patos
- Sousa
Pernambuco
- Caruaru
- Petrolina
- Serra Talhada
Bahia
- Feira de Santana
- Irecê
- Paulo Afonso
- Santo Antônio de Jesus
Goiás
- Iporá
- Itumbiara
- Rio Verde
Roraima
- Rorainópolis
Maranhão
- São Luis
- Imperatriz
- Caxias
Piauí
- Teresina
- Picos
Pará
- Santarém
Santa Catarina
- Caçador
Paraná
- Curitiba
- Guarapuava