Enquanto o governador Eduardo Leite avalia se permite a retomada do comércio no Rio Grande do Sul, sindicatos de trabalhadores do setor se colocam contra a reabertura dos estabelecimentos. A Federação dos Empregados no Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecosul), que reúne 52 sindicatos afiliados, prepara um documento para entregar ao governador na terça-feira (14). O presidente da entidade, Guiomar Vidor, detalha as exigências da entidade:
– Se depender da nossa opinião, não (vai ter reabertura no dia 15). Estamos montando um documento solicitando a extensão do decreto para que sejam complementados os estudos e seja feito um planejamento de retomada da atividade econômica do comércio no Rio Grande do Sul. Pleiteamos que os trabalhadores sejam submetidos a exames (de diagnóstico da covid-19) antes de retornarem ao trabalho.
Segundo Vidor, o comércio formal gaúcho reúne mais de 700 mil trabalhadores. Para o representante, a decisão deve levar em conta também a família desses empregados. Além do perigo de contraírem a doença, alguns deles não terão, por exemplo, com quem deixar os filhos, já que as creches e escolas do Estado, a princípio, estão proibidas de funcionar até 30 de abril.
— Hoje, os trabalhadores de atividades essenciais já estão enfrentando esse problema. Quando todo o comércio voltar, é preciso ter estrutura de atendimento para essas questões. Não é simples, é algo bem complexo. O impacto é muito grande, a responsabilidade dos poderes públicos é fundamental e também estamos chamando à responsabilidade os empresários, porque a partir do momento em que botarem os funcionários nas ruas, a responsabilidade passa a ser deles. Amanhã vamos encaminhar o documento ao governador pedindo a prorrogação das atividades e que haja um planejamento maior antes da retomada — reitera Vidor.
Segundo o decreto em vigor desde o dia 1º, o funcionamento do comércio em todos os municípios do Rio Grande do Sul está proibido até quarta-feira (15). Em entrevista na manhã desta segunda-feira (13), Leite afirmou que considera liberar atividades comerciais nos municípios onde há menos casos de pessoas infectadas pelo coronavírus. Para decidir sobre isso, aguarda a pesquisa de prevalência do vírus na população gaúcha realizada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Conforme a assessoria de imprensa do Piratini, o resultado do estudo deve sair na terça-feira (14).
O governador também debaterá o assunto, entre esta segunda e a terça-feira, por videoconferência com o Comitê Científico – grupo coordenado pelo secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb, e formado por profissionais das áreas da ciência, saúde e tecnologia com o objetivo de fornecer informações e dados científicos que embasem as decisões do governo do Estado no combate à pandemia.