Após o governador Eduardo Leite abrir caminho para reabertura do comércio na Região Metropolitana, os prefeitos da Grande Porto Alegre debatem as novas medidas para o setor. Um decreto transitório, que será publicado até sexta-feira (1º), permitirá que prefeitos da região tomem a decisão de autorizar, ou não, a reabertura do comércio nas suas cidades. A mudança acontece porque, dentro do distanciamento controlado, Porto Alegre e região estão na bandeira laranja, o que permite esta flexibilização.
Este decreto vai valer até que entrem em vigor as bandeiras de distanciamento controlado no RS apresentadas pelo governador na tarde desta quinta-feira (30). Na prática, as regras transitórias devem valer apenas nos próximos dias para que o distanciamento controlado seja implementado na primeira quinzena de maio.
Os protocolos de segurança, como higienização constante e proibição de aglomerações, seguem valendo em todos os casos de reabertura. Alvorada, Guaíba e Viamão abrirão comércio a partir desta sexta-feira.
A assessoria de comunicação de Guaíba afirma que as lojas serão abertas "com severas restrições", como uso de máscaras. O decreto de flexibilização já está sendo finalizado pelo município. O prefeito de Alvorada José Arno Appolo afirma também que as lojas estarão abertas nesta sexta, com uso obrigatório de máscaras e fornecimento de álcool gel por parte dos estabelecimentos:
— Vamos liberar amanhã mesmo porque o comércio está sentindo muito com essa pandemia.
Em Cachoeirinha, o funcionamento das lojas começará a partir de segunda-feira (4) com horário reduzido: das 10h às 16h. O prefeito Miki Breier afirma que se a fiscalização municipal flagrar clientes sem máscaras, o estabelecimento será multado. O cenário na cidade, ele reforça, será avaliado diariamente:
— O argumento que nos leva a tomar essa decisão é que estamos com número de casos baixos (17 confirmados) e temos um hospital de campanha com 65 leitos prontos e oito de UTI. Teremos fiscalização na rua direto, inclusive à noite. Se necessário, tornaremos as regras mais rígidas.
Em Gravataí, a prefeitura estava reunida para definir a abertura ou não das lojas. Até a publicação da matéria, não havia definição.
Para a prefeita de Nova Santa Rita, Margarete Simon Ferreti, o novo protocolo anunciado pelo governo do Estado atende as recomendações de saúde e também observa a necessidade econômica tendo em vista a crise desencadeada pelo coronavírus. Também presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), Margarete diz que agora os prefeitos terão maior capacidade de definição, mas também mais responsabilidades:
— Para fazer essa flexibilização precisamos ter muita prudência e cuidado. Vamos dialogar muito com os comerciantes e suas entidades para assumirem conosco a responsabilidade de tomar todas as precauções e seguir o protocolo de cuidado com seus funcionários e com nossa comunidade. Se por ventura acontecer de aumentar percentual de infectados, vamos fechar novamente.
A prefeita diz ainda que pretende reabrir o comércio já na próxima semana, tendo em vista a alta procura para o Dia das Mães. Ela entende que houve amadurecimento das pessoas com o uso de máscara e cuidado durante o período de maior restrição.
Ainda na tarde desta quinta-feira (30), a Granpal deve reunir remotamente todos os prefeitos para debater as novas medidas. O encontro deve definir um posicionamento dos prefeitos, mas cada gestão municipal tem autonomia para definir sobre a eventual reabertura.
O prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato, diz que só vai definir sobre eventual reabertura na sexta-feira (1º). Na avaliação dele, as novas medidas parecem adequadas, mas ainda é necessária consulta à Secretaria Municipal de Saúde antes de definir sobre como procederá na cidade.
— Faremos análise criteriosa. Não queremos incorrer no erro que Blumenau incorreu em que fez uma reabertura sem nenhum critério, ocasionando em ascendência grande de casos — comentou.
Para Busato, Canoas é hoje a cidade mais preparada do Estado para enfrentar a pandemia. Segundo ele, 932 leitos somente para atendimento de casos de covid-19 foram abertos em quatro hospitais de campanha.
O prefeito disse, ainda, que para a próxima semana o comércio esteja aberto, tendo em vista o Dia das Mães.
— Vamos exigir uma série de requisitos de segurança. Máscaras, restrição de entrada de clientes, álcool gel. Mas a questão não é só o comércio, temos academias e outros serviços, que ainda estamos decidindo — detalhou.
Regiões de Lajeado e Passo Fundo terão comércio fechados
Durante este período transitório, o governo do Estado decidiu que as restrições mais rígidas e a vedação ao comércio passa a valer nas regiões dos Vales e Norte do Estado. Porém, com a proximidade do Dia das Mães, data que envolve grande movimentação comercial, o decreto permitirá a possibilidade de compras via drive thru, take away (pague e leve) e delivery, mesmo nas cidades dos Vales e do Norte gaúcho.
O prefeito de Lajeado, Marcelo Calmo, considerou, em uma análise preliminar, positivo o plano apresentado pelo governador Eduardo Leite. Segundo ele, o principal ponto é a definição dos riscos de cada atividade estabelecidos pelo governo. Assim, a prefeitura teria um guia para realizar as determinações de abertura ou fechamento. No entanto, o prefeito irá aguardar a publicação do decreto para analisar de forma mais detalhada os critérios elaborados. O chefe do Executivo confirmou ainda que vai seguir as regras do Estado para o funcionamento do comércio para o Dia das Mães e afirmou que houve um afrouxamento das medidas nos últimos dias.
— A comunidade foi relaxando nas medidas de distanciamento nos últimos dias, mas precisamos retomar a mobilização que tínhamos na metade do mês de março. Vamos aumentar a fiscalização nas ruas e seguir as determinações que forem feitas pelo governo do Estado _ ressaltou o prefeito Marcelo Calmo.
Já o prefeito da Passo Fundo Luciano Azevedo preferiu não se manifestar enquanto não for publicado o decreto. No entanto, questionou as delimitações da região de Passo Fundo determinada pelo governo e como irá funcionar a fiscalização.
*Colaborou Laura Becker