Diferente de japoneses e outros povos orientais, o brasileiro não está acostumado com máscaras. O resultado é um show de erros pelas ruas, intensificado depois que o Ministério da Saúde passou a recomendar as máscaras caseiras como mais uma ferramenta no combate ao coronavírus.
— É que a gente está aprendendo a usar elas no meio do furacão — comenta a cirurgiã-geral Maria Fernanda Detanico, conselheira do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremers).
Um dos equívocos mais banais identificados pela especialista é deixar o nariz de fora da máscara ou ficar abaixando o equipamento de proteção na hora de falar.
— Quando eu falo, eu expilo gotículas de saliva. E se fico tirando elas (máscaras) para falar, tiro também a proteção.
É que, acima de qualquer coisa, a máscara é uma barreira mecânica para impedir que pessoas assintomáticas transmitam o vírus ao sair de casa. De nada adianta se não estiver na frente do nariz ou da boca.
Também é muito comum ver pessoas ajeitando a máscara, encostando na frente dela. Se existia alguma gotícula contaminada ali, agora está nas mãos daquela pessoa e ela pode transmití-las a outras superfícies ou coçar o próprio olho ou nariz sem lembrar de higienizar as mãos.
Tocar na frente da máscara é um dos erros mais perigosos, para o infectologista do Serviço de Controle de Infecção da Santa Casa de Misericórdia e professor da Ulbra, Claudio Stadnik. Lembre-se: as máscaras devem ser colocadas e tiradas apenas pelas tirinhas.
Diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Lessandra Michelin também destaca que máscaras muito grandes são um problema: acaba “sobrando pano” e as pessoas tentam ajustar elas o tempo todo no rosto:
— Faça ou compre uma que tenha tamanho adequado ao seu rosto, que fique confortável.
Outro risco surge quando as pessoas têm uma falsa sensação de segurança por estar com a máscara e se esquecem de outras recomendações, ainda mais essenciais, como não levar as mãos ao rosto, higienizar as mãos com frequência e manter uma distância segura das outras pessoas — de pelo menos um metro e meio ou dois metros. E, é claro, não sair de casa: o distanciamento social segue sendo a principal arma na luta contra o coronavírus.