A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) manifestou "preocupação" em relação ao discurso do presidente Jair Bolsonaro feito noite de terça-feira (24). O chefe do Executivo definiu o coronavírus como uma "gripezinha" e afirmou que as autoridades estaduais e municipais devem "abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa".
Em nota, a SBI reforçou que a fala do presidente pode gerar a "falsa impressão à população" de que as medidas de isolamento são inadequadas. A entidade reforçou que a epidemia é "grave" e que incentivar as pessoas a ficarem em casa é a "resposta mais adequada para as maiorias das cidades brasileiras".
"O Brasil está numa curva crescente de casos, com transmissão comunitária do vírus, e o número de infectados está dobrando a cada três dias", completa o texto.
O Ministério da Saúde já informou que não vai se pronunciar sobre a fala do presidente.
Outras entidades também se manifestaram
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) pronunciou-se no início da tarde. A entidade defendeu que "o trabalho sério e dedicado de toda uma rede nacional e mundial de médicos, cientistas e desenvolvedores de tecnologias em saúde deve ser levado em consideração no planejamento de estratégias".
A nota acrescenta que "de nenhuma forma, esses profissionais ensejam o pânico, mas, sim, medidas necessárias para evitar a progressão descontrolada da doença".
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) definiu como "incoerente" e "criminosa" a fala de Bolsonaro. Para a entidade, o presidente "desrespeita" o trabalho da imprensa e "desmobiliza a população a dar seguimento às medidas fundamentais de contenção para evitar mortes". O texto também foi assinado pela Associação Brasileira de Economia da Saúde, pela Associação Brasileira da Rede Unida, pela Associação Brasileira de Enfermagem, pela Associação Paulista de Medicina, pela Sociedade Brasileira de Bioética e pelo Centro Brasileiro de Estudos da Saúde.
Para a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), qualquer medida que abrande o isolamento da população será "extremamente prejudicial" ao combate do coronavírus, "acarretando em maior número de infectados e morte". A entidade reforçou que a maioria dos países está adotando as mesmas estratégias de contenção, apresentando "sucesso".
Até o momento, são 2.201 casos confirmados da covid-19 no Brasil – 112 só no Rio Grande do Sul. Na madrugada desta quarta-feira (25), o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, anunciou a primeira morte por coronavírus no Estado.
GaúchaZH utiliza, para contabilizar os casos no Rio Grande do Sul, os números divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde. O dado pode apresentar defasagem em relação aos apresentados por prefeituras.