Danos permanentes nos pulmões estão sendo apontados por médicos chineses como possíveis sequelas do coronavírus. Conforme a Revista Galileu, profissionais do Hospital de Hong Kong, na China, notaram que pacientes recuperados da doença tiveram redução da capacidade pulmonar e, portanto, maior dificuldade para respirar em caminhadas rápidas.
Algumas pessoas que recebem alta estão sendo acompanhadas pelas autoridades e, em um grupo de 12 pessoas, três disseram não conseguir fazer as coisas como antes. A estimativa, conforme o histórico do paciente, é de queda de 20% a 30% na função pulmonar após a recuperação. Outra constatação é de que nove pacientes apresentaram padrões semelhantes a “vidro fosco”(alteração no resultado da tomografia computadorizada que significa alguma inflamação), sugerindo que houve danos nos órgãos.
Tanto médicos chineses como brasileiros concordam, porém, que a amostragem é pequena e que é cedo para estabelecer efeitos a longo prazo da covid-19. Owen Tsang Tak-yin, diretor do Hospital Princess Margaret, em Kwai Chung, ressaltou ao South China Morning Post que o efeito a longo prazo nos pacientes recuperados ainda não foi verificado. André Luiz Machado, infectologista do Hospital Conceição de Porto Alegre, lembra que não há elementos na literatura para avaliar os efeitos posteriores, mas não acredita em danos profundos:
— É muito precoce para ter certeza, mas, a princípio, não há sentido em deixar sequelas. Trata-se de uma doença viral que tende a ser controlada sem maiores problemas para quem foi acometido.
Infectologista do Serviço de Controle de Infecção da Santa Casa, o professor da Ulbra Cláudio Stadnik reforça que ainda não há dados suficientes para embasar qualquer afirmação. Ele acrescenta, porém, que passado o período crítico de infecção, é possível que doenças crônicas e pré-existentes sejam agravadas.
— Por enquanto, trata-se de suposição — esclareceu.
— Esse vírus começou a se disseminar pelo mundo há pouco tempo. Não há informação suficiente ainda. O impacto no corpo humano precisa ser investigado a fundo assim que passar o surto — complementa José Miguel Chatkin, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.