Dias mais quentes, coloridos e festivos estão chegando. Depois de dois anos sem celebração, por causa da pandemia, a Expoflora retorna a Holambra, interior de São Paulo, em sua 39ª edição. No espaço de 250 mil m², a primavera já começou: até dia 25, os visitantes conferem as tendências para decoração e novidades no setor de flores, além de conhecer as danças e comidas holandesas e, claro, comprar muitas plantinhas.
A maior parte das atrações pode ser vista em qualquer horário, exceto duas - que, não por acaso, são as mais concorridas: a parada das flores, às 16h, que encaminha o público até a chuva de pétalas, às 16h30.
Mais de 300 mil pétalas de rosa que caem do alto, com a promessa de que quem pegar uma delas antes que toquem o chão terá seu desejo realizado. É uma festa: nessa hora, vemos desde crianças até senhores se jogando para garantir a pétala da sorte e a foto para as redes sociais.
A edição 2022 marca a primeira festa depois da morte de Piet Schoenmaker, embaixador da exposição. Por isso, durante a chuva de pétalas, Stand By Me, de Ben E. King, e uma faixa com a sua foto fazem uma homenagem ao holandês.
Para este ano, a expectativa é de que 240 mil pessoas compareçam ao evento, uma mensagem de esperança numa época de recuperação econômica do setor de flores e decoração.
— A exposição consegue movimentar cerca de R$ 200 milhões, além de gerar emprego para 7 mil pessoas — conta Vera Longuini, membro da comissão organizadora do evento.
Com 15 mil habitantes e a cerca de 1h30min da capital paulista, Holambra concentra 70% do comércio de flores do país. Para conhecer um pouco desse cenário, este ano os visitantes terão acesso ao Magic Garden Holambra, um espaço "instagramável" com campos de girassóis. Custa R$ 40 e inclui um tour pela cidade.
— Por enquanto, oferecemos uma versão pocket do que irá ser inaugurado ano que vem. Vai funcionar como ponto final do roteiro da Expoflora. — diz o organizador Paulo Fernandes.
Entre flores, uma amostra da cultura holandesa
Juntando as palavras Holanda, América e Brasil, a cidade de Holambra, a 125 quilômetros de São Paulo, é uma colônia neerlandesa que mantém muito da cultura do país na arquitetura, nas comidas e nas celebrações. A Expoflora, por exemplo, a maior exposição de flores da América Latina, leva em seu DNA o amor dos holandeses pela floricultura.
Considerada uma espécie de "Fashion Week das plantas", o evento traz tendências de decoração floral e novidades botânicas. E, enquanto explora os ambientes, o visitante pode se deliciar com as referências à cultura holandesa.
— A Expoflora conta com 200 mil hastes e 75 mil vasos de flores. E além de poder se inspirar na decoração, você mergulha na cultura holandesa. O museu de Holambra, por exemplo, é integrado à exposição — indica Vera Longuini, membro da comissão organizadora do evento.
Os visitantes podem também se deliciar nas duas praças de alimentação com comidas típicas. O stroopwafel (R$ 4) é imperdível: trata-se de um biscoito feito de waffle e caramelo.
Para celebrar a cultura holandesa, um dos cinco palcos da Expoflora concentra as apresentações de danças folclóricas. Enquanto assiste ao show, é possível desfrutar de um eisbein, o tradicional joelho de porco (R$ 64,90, na Casa Bela). Para os vegetarianos, as pannekoek, um tipo de panqueca holandesa, é boa pedida (R$ 59 na Pannekoek Huis)
E claro, não poderiam faltar as compras no Shopping das Flores, com centenas de espécies à venda. É possível, por exemplo, encontrar vasinhos de suculentas a partir de R$ 3, além de folhas coloridas, como a Hypoestes por R$ 9,20. Entre as orquídeas, os preços também começam em R$ 9,20.
Pedaço da Holanda
Além de visitar a Expoflora, dá para aproveitar para explorar um pouco mais da cidadezinha, aonde os primeiros imigrantes holandeses chegaram em 1948. Logo na entrada do estacionamento do evento está a primeira atração: o Moinho dos Povos Unidos. Uma cópia dos famosos moinhos holandeses, projetado por Jan Heijdra, com 38 metros de altura. Durante a festa das flores - e a entrada é gratuita - e você pode ver a cidade lá de cima.
A arquitetura dos Países Baixos, aliás, é algo bem presente em Holambra. Até mesmo bancos têm a fachada estilizada.
Outro ponto turístico interessante é o parque Van Gogh, que homenageia o artista holandês com réplicas de suas obras. O local conta com outras atrações, como parede de escalada, tirolesa e a melhor vista do Lago Holandês. A entrada é gratuita.
As sorveterias da cidade são uma atração a parte. Na cidade das flores, é claro que elas também fazem parte do cardápio. Na Dolce Flor, por exemplo, você pode provar sabores como rosa, hibisco e lavanda. Duas bolas custam R$ 39,99, com direito a calda e decoração.
Agora, se o objetivo é ficar no meio das flores, além do Magic Garden Holambra, que permite a entrada do visitante entre os girassóis, outros campos e estufas proporcionam visitas guiadas. O Bloemen Park (R$ 30) e a Macena Flores (R$ 30) são algumas opções de fazendas que abrem as portas para turistas.
Praticidade e sustentabilidade são mote na decoração
Não há dúvidas sobre os benefícios das plantas para a saúde humana - tanto física quanto mental. As espécies podem melhorar a qualidade do ar ao aumentar a umidade e absorver as toxinas; além disso, ajudam a reduzir os níveis de barulho do ambiente. O contato próximo com as plantas favorece o aumento da produtividade e concentração e reduz os níveis de estresse, mas nem sempre é fácil lidar com elas.
— Uma das maiores preocupações dos clientes é ter um jardim fácil de cuidar — conta a paisagista Carla Dadazio. Por isso mesmo, houve um crescimento pela procura de cactos e suculentas - exatamente a proposta do seu ambiente Jardim Árido, um dos 18 espaços da mostra de paisagismo e decoração da ExpoFlora 2022.
Além das espécies já conhecidas, Carla traz o lançamento do ano em seu espaço: Anigozanthos, conhecido como pata-de-canguru.
— É uma planta originária da Austrália que foi trazida para o Brasil há três anos. Nesse tempo, adaptaram a planta ao clima do Brasil e então fizemos o lançamento — explica a paisagista.
O breeder Ramm Botanicals foi o responsável pelo desenvolvimento da espécie - que dá flores em penugem e tem uma divisão irregular, com seis pequenas garras, de onde surgiu o apelido:
—Ela vai muito bem com suculentas e cactos. Além de dar um toque colorido e delicado ao jardim.
Da maquiagem ao natural
Outra novidade são as plantas Make-Upz, que passaram por um processo de tingimento à base de água e de composição orgânica. A ideia surgiu na Holanda há dez anos e, desde então, tem facilitado o desenvolvimento de novos produtos.
A preferência por plantas em vez de flores é uma tendência do mercado.
— Na pandemia, as flores morreram muito, pela falta de eventos. Os produtores migraram para uma linha mais perene — diz Beto Natalicchio, engenheiro civil que assina o ambiente Renovação.
Nessa linha, as plantas desidratadas também ganharam destaque:
— O tingimento de plantas desidratadas é ótimo para quem quer ter a presença de plantas em casa de uma maneira diferente e sem precisar cuidar — diz o designer de interiores Allan Oliveira, que assina o ambiente Terra.
Lá, a sustentabilidade dita a regra. Cipós foram usados como centro de mesa e bambus suspensos funcionam como divisória.
— Eu trago muito as formas orgânicas e valorizo o faça você mesmo — diz ele, citando como exemplo a luminária feita com balde, palha e lâmpada de filamento.
— Se não tiver espaço, dá para pendurar uma samambaia no ar; se não tiver tempo, invista em uma suculenta. No minuto que você puder parar para cuidar dela vai ser como parar o tempo, e isso ajuda muito ao longo do dia — incentiva.
A saúde mental é o grande destaque dos espaços, que trazem, em sua maioria, muito da filosofia oriental, com a valorização da natureza, pedregulhos e bonsais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo