Há quase 300 anos, um marajá de visão, com queda para joias e um olho bom para a arquitetura, construiu uma cidade planejada em meio às encostas áridas do noroeste da Índia. Batizada de Jaipur em homenagem ao fundador, Jai Singh II, ela se expandiu em uma intrincada grade urbana não só por causa dos palácios reais, mas também dos ateliês dos artesãos escolhidos para estabelecer um novo centro comercial. Hoje, cortadores de pedras preciosas, designers de joias e alfaiates ainda fazem sucesso em um dos destinos turísticos e de compras mais populares da Índia, parte do Triângulo de Ouro composto também por Nova Déli e Agra. Essa é uma cidade onde a realeza, até hoje, ocupa uma ala do Palácio da Cidade. Há feiras coloridas, cheias de artesanato, bem como templos hindus praticamente a cada cem metros – e, embora as ruas fervam com as buzinas, o trânsito caótico, os turistas e as vacas, é possível, sim, encontrar lá a paz.
O hinduísmo, com seus deuses e deusas coloridos, permeia o dia a dia. Para senti-lo mais de perto, visite o Templo Birla, estrutura de mármore branco, teto em cúpula, um salão principal arejado, vitrais e um oratório a Vishnu e a Lakshmi, a deusa da riqueza. De Birla ao Templo Govind Dev Ji, com vista para as janelas do Palácio da Cidade, o trajeto via aplicativo dura 20 minutos. Tente chegar para a cerimônia das 17h30min: os sacerdotes, em suas túnicas cor de açafrão, abrem as cortinas para o altar onde se encontra Krishna, tocando flauta sob guarda-chuvas dourados, quando então as centenas de fiéis cantam, batem palmas e jogam as mãos para o alto, batucando nos batentes para avisar a divindade de sua presença.
Jaipur é conhecida como a Cidade Cor-de-Rosa, tendo sido construída em arenito e ganhado cores em 1876 para receber o Príncipe de Gales, e simbolizada pelo Hawa Mahal, ou Palácio dos Ventos. Com uma fachada de cinco andares, pequenas saliências trabalhadas de treliça e 365 janelas, dizem que foi construído para que as mulheres da corte real pudessem assistir aos desfiles de soldados e elefantes sem ser observadas. A subida ao topo, onde há apenas um cômodo, é íngreme, mas a vista e os detalhes que imitam a coroa de Krishna valem a pena (entrada: 50 rúpias).
Você pode comer como um rei no 1135 AD, restaurante instalado em um palácio no topo do Forte de Amber, magnífica combinação das arquiteturas hindu e mongol, e se sentir como um ao passar pelo pátio principal e entrar no terraço iluminado por velas e decorado com pétalas de rosas. A thali (refeição) é servida em uma bandeja de prata, com delícias como a carne de cabrito em molho vermelho e o dal de lentilha negra com purê de espinafre e milho (1.750 rúpias). O forte é popular entre cineastas. Se você tiver sorte, estará cheio de figurantes de turbante, cavalos brancos e camelos enfeitados rodando cenas de um drama de época. No salão de espelhos Sheesh Mahal, as paredes e o teto são cobertos em padrões geométricos e florais compostos de milhares de painéis minúsculos. O efeito é caleidoscópico, pois a constelação de peças convexas de cima reflete o movimento dos visitantes embaixo (ingresso: 200 rúpias).
Joia de passeio
Jaipur é a capital mundial para corte e polimento de pedras preciosas e semipreciosas. No majestoso prédio da Jewels Emporium, dê uma volta pelos ateliês, onde os cortadores trabalham as pedras, os ourives as enfeitam e combinam com ouro e lavam as mãos em bacias (a água é vendida para empresas de extração). No andar de cima, pode-se ver a peça pronta (par de brincos de esmeralda em ouro: 45 mil rúpias).
No Gem Palace, a família Kasliwal pode lhe mostrar um livro de registro com assinaturas de clientes como Jacqueline Kennedy e Bo Derek e um enfeite de turbante avaliado em US$ 7 milhões.
Na Saurashtra Impex, de Kishor Maheshwari, você encontra uma explosão de cores na forma de pilhas e mais pilhas de rolos de tecido. Seus funcionários, solícitos, podem ajudá-lo a encontrar capas para almofadas do Paquistão, toalhas de mesa em tons de azul e tapetes antigos afegãos. Se uma experiência mais refinada é o que você procura, a RASA é uma boutique que oferece coleção própria de vestidos de seda, algodão e linho, além de echarpes e roupas de cama.