Por que desembolsar rios de dinheiro por férias de luxo quando é possível aproveitar pagando menos? Uma viagem cheia de mimos que não custe uma fábula é possível em qualquer lugar do mundo, mas seus objetivos têm de se adaptar ao seu destino. Aqui, moradores de cinco cidades notoriamente caras – Londres, Paris, San Francisco, Singapura e Sydney – dão dicas de como aproveitar muito sem gastar horrores.
Londres
O momento certo
Londres tem alguns períodos particularmente movimentados, o que faz com que as diárias disparem, segundo Paula Fitzherbert, londrina da gema e diretora de comunicações dos cinco estrelas Claridge's, Connaught e Berkeley. Entre eles estão o mês de junho, durante a Exposição de Flores de Chelsea, Ascot e Wimbledon, e as semanas da moda em fevereiro e setembro. Com exceção dessas ocasiões, as diárias são menos caras aos domingos, quando a ocupação é menor. "A estada pode sair pela metade do preço em relação a outros dias da semana e, de quebra, é bem provável que você ganhe alguns mimos", ensina ela. Os hotéis que ela representa têm sempre algo extra a oferecer aos hóspedes, como uma garrafa de champanhe, café da manhã e upgrade de quarto.
Para James Manning, editor global de projetos da Time Out London, as melhores épocas para uma visita são o fim de agosto e o mês de novembro, quando os voos e hotéis são menos caros e há muitos eventos interessantes que são de graça – como um dos maiores festivais de rua da Europa, o Notting Hill Carnival, em agosto.
Saiba comer e beber
Esqueça a alta gastronomia. Manning diz que alguns restaurantes casuais e acessíveis, como o taiwanês Xu, dão de dez em muitas casas estreladas pelo "Michelin" em matéria de ambiente e sabor. "Para comer bem sem pagar muito, vá ao food hall de uma das lojas de departamentos de luxo, tipo Harrods ou Selfridges. Você pode comprar porções pequenas de queijos raros e chocolates artesanais e, nos fins de semana, as lojas ainda oferecem amostras", recomenda Fitzherbert (é o que ela faz). E também sugere tirar vantagem dos cardápios pré e pós-teatro em casas normalmente caras como The Ivy e Savoy Grill, e saborear um drinque noturno em um bar requintado como o Connaught, por menos de US$ 20 – que vem com uma porção de azeitonas, nozes e outros aperitivos.
Olho nos eventos culturais baratos/gratuitos
A entrada para a maioria dos grandes museus, como o Tate Modern, é franca (mas as mostras especiais geralmente cobram ingresso), e locais como o Southbank Centre e a Royal Opera House sempre organizam apresentações gratuitas. (A Time Out tem atualizações semanais com o melhor dos programas na faixa em Londres.) A maioria dos teatros do West End oferece ingressos a preços reduzidos (por volta de US$ 25) de manhã para as sessões da noite do mesmo dia. Fitzherbert também recomenda as opções do Off West-End, que podem chegar à metade do preço.
Aposte nos bastidores
Muitas instituições lhe permitem conferir os bastidores e viver uma experiência exclusiva sem ter de desembolsar muito. O Museu de História Natural oferece esse tipo de tour para sua coleção zoológica bem preservada por US$ 19/pessoa; se preferir o National Theatre e a Royal Opera House, você vai pagar menos de US$ 20. E, se estiver disposto a gastar um tantinho a mais, pode participar do passeio guiado às áreas operacionais da Ponte da Torre, incluindo as gigantescas câmaras basculantes subterrâneas, maravilha da engenharia vitoriana raramente aberta ao público, por cerca de US$ 63/pessoa.
Invista nas feiras
A Feira de Flores de Columbia Road, em East London, e a Feira de Portobello, em Notting Hill, são perfeitas para quem quer comprar objetos únicos, dignos de colecionadores, a preços bem razoáveis. "Além de tudo, são populares entre as celebridades, ou seja, ver o público é tão divertido quanto fazer compras", conta Fitzherbert.
Paris
O momento certo
Evite visitas durante as semanas da moda (feminina, masculina e de alta-costura), o Aberto da França (do fim de maio ao começo de junho) e a Feira Internacional de Arte Contemporânea, em outubro. Os preços são mais baixos no inverno e em agosto, quando os parisienses tendem a fugir da cidade, mas isso também depende de outros eventos, portanto é sempre bom pesquisar para ver o que está acontecendo. O site do Paris Convention & Visitors Bureau exibe os principais eventos da cidade.
Hospede-se nos hotéis de luxo menos badalados
Se quiser luxo sem preços estratosféricos, esqueça os hotéis palacianos e hospede-se nas opções mais discretas. Entre os exemplos estão o San Regis, escondido em uma ruazinha tranquila do chamado Triângulo de Ouro, no 8º Arrondissement, ou no Bourg Tibourg, decorado por Jacques Garcia, no Marais. Dê uma olhada nesses tesouros menos conhecidos on-line: o site Paris Boutique Hotels lista diversos, como também o Time Out Paris.
Acesso a hotéis palacianos (sem pagar uma fortuna)
Com as diárias dos quartos duplos padrão a US$ 1 mil ou mais, os hotéis palacianos parisienses são proibitivos para a maioria dos reles mortais, mas a parisiense Elsa Bacry, diretora de parcerias europeias para a rede de viagens de luxo Virtuoso, conta que o pessoal local consegue sentir um gostinho de seu ambiente frequentando seus bistrôs e brasseries casuais, como o 114 Faubourg do Le Bristol. "Não é barato, mas você também não vai pagar uma fortuna", descreve. Os parisienses também gostam de tomar um drinque ou dois em bares de hotel, como o aterraçado L'Oiseau Blanc, no The Peninsula Paris, ou o Bar Josephine no Lutetia. A jornalista local Hannah Meltzer sugere tratamentos em spas, como a máscara facial de caviar do Four Seasons Paris, como outra boa opção.
Tire proveito das atrações gratuitas e passeios em grupo
Paris tem um sem-fim de museus com entrada franca, incluindo o Petit Palais, de belas artes, e o Musée de la Vie Romantique. Há promoções como a do Pompidou, que não cobra ingresso no primeiro domingo do mês, ou a do Louvre, que libera as catracas na noite do primeiro sábado do mês. Alguns monumentos também oferecem passeios acessíveis a grupos pequenos, como o que revela os aposentos particulares de Luís XIV e XV em Versalhes, que dura 90 minutos e sai por 10 euros.
Compras em promoções e outlets
Para comprar produtos de grife com desconto, Bacry sugere uma espiada no My Little Paris, site que reúne promoções particulares. Além disso, as lojas de marcas fazem ofertas em julho e janeiro. O La Vallée Village, um shopping center/outlet ao ar livre a 45 minutos de trem do centro, também é cheio de promoções.
San Francisco
Evite as convenções
San Francisco sedia um grande número de convenções ao longo do ano, segundo Teresa Rodriguez, editora-chefe da edição local da revista "WhereTraveler" – e, quando alguma delas se realiza, as diárias dos hotéis podem até triplicar. Dê uma espiada no calendário do Moscone Center, maior centro de convenções da cidade, e planeje sua viagem em função do que estiver ali.
Hospede-se em hotéis menos conhecidos ou alugue um apartamento
Debbie Kessler, responsável pela filial local da Protravel International, que vende viagens exclusivas para a cidade, explica que o turista pode economizar ficando longe das marcas internacionais mais famosas, optando por um hotel butique. "Os preços que eles oferecem são muito mais razoáveis do que as promoções dos grandes nomes", afirma. A Viceroy Hotels & Resorts, por exemplo, tem quatro opções locais. Outra boa sugestão de economia é se hospedar no Condado de Southern Marin, a vinte minutos de carro do centro, e usar Uber para se locomover. Rodriguez também encoraja o visitante a alugar um imóvel pelo Airbnb ou outro site semelhante, pois é possível se hospedar em uma casa vitoriana ou prédio moderníssimo por menos da metade do custo de um hotel.
Não gaste com refeições sofisticadas
Em Japantown você encontra sushi a preço acessível, como também ramen e shabu shabu; em Mission, vai achar pratos mexicanos autênticos a preços bem honestos. Para provar a famosa carne de caranguejo local sem arregaçar a carteira, compre de uma das barraquinhas do Fisherman's Wharf e peça que a cozinhem para você por ali mesmo. Rodriguez é fã de carteirinha de uma chamada Nick's Lighthouse, que oferece o crustáceo, como também o pão de massa lêveda e o vinho de que ela desfruta com a família no Aquatic Park Cove, parque perto do cais com vista para a baía e Alcatraz. O que não falta também são ofertas de ostras: nos dois endereços da Woodhouse Fish Co., por exemplo, cada uma sai por US$ 1 às terças; o Plouf vende por esse mesmo preço em seu bar nos dias úteis, das 18h30 até fechar. O viajante que faz questão de uma experiência gastronômica requintada deve saber que algumas das casas mais chiques oferecem cardápios enxutos e mais baratos em seus bares. O Quince, por exemplo, com três estrelas do "Guia Michelin", tem um menu degustação de cinco pratos a US$ 180 no bar. Barato não é, mas certamente custa bem menos que a versão de oito a dez pratos servida no salão, a US$ 295.
Explore, mas controle
Tanto o Sigmund Stern Recreation Cove como o Golden Gate Park organizam shows gratuitos excelentes, além de apresentações e eventos ao longo do ano todo. Segundo Rodriguez, a Free Tours by Foot organiza passeios a pé gratuitos de alta qualidade, incluindo o que vai a Chinatown. Importante é saber também que o turístico Bay Cruise não vale a pena – melhor pegar a balsa comum no famoso Ferry Building. (Kessler gosta do passeio a Sausalito.) Há um bar a bordo para os passageiros poderem desfrutar da bela vista com uma taça de vinho na mão.
Singapura
Fique de olho nas promoções dos hotéis de luxo
Varia muito, mas você pode descobrir descontos para um fim de semana, por exemplo, com café da manhã e outros mimos, ou uma diária a mais para quem reservar duas.
HOWARD OH
gerente concierge do Mandarin Oriental (Singapura)
Singapura não tem alta temporada; na verdade, recebe um volume constantes de turistas o ano todo, como explica Howard Oh, o gerente concierge do Mandarin Oriental, que também é singapuriano. Assim, em vez de fazer promoções na baixa estação, os hotéis exclusivos da cidade oferecem descontos ao longo dos doze meses. Oh recomenda comparar as diárias de pelo menos três hotéis em que você gostaria de ficar para saber qual é a mais atraente. "Varia muito, mas você pode descobrir descontos para um fim de semana, por exemplo, com café da manhã e outros mimos, ou uma diária a mais para quem reservar duas", recomenda.
Coma como o pessoal local
Segundo a escritora gastronômica Annette Tan, comer fora geralmente é caro, mas em alguns bairros os restaurantes são acessíveis e oferecem uma comida ótima. Na Keong Saik Road, em Chinatown, ficam vários, sendo que nem todos são chineses. O Cure, por exemplo, serve pratos europeus modernos com toques singapurianos. Outra dica é a Gemmill Lane, uma vielinha escondida que sai da Amoy Street, cheia de restaurantes lotados como o franco-japonês Le Binchotan. Singapura também gosta de saborear a hora do chá nos cinco estrelas da cidade. Tan recomenda o Regent Singapore, onde a refeição custa por volta de US$ 33 durante a semana para os adultos, e inclui sanduíches, pães, bolos, scones e queijos, e o The Clifford Pier, a US$ 37, no Fullerton Bay Hotel, com vista para Marina Bay.
Esqueça o guia particular
Contratar um guia particular sai a US$ 45 por hora, conta Oh, mas o tour com um grupo pequeno também pode ser excepcional em matéria de qualidade e custar US$ 6 por pessoa por hora. "Os guias desses grupos têm um conhecimento impressionante, e você tem a chance de ver as mesmas coisas que veria se estivesse sozinho", constata ele. Entre as agências que oferecem o serviço estão a RMG Tours e a Tour East. A Monster Day Tours também oferece passeios a pé gratuitos.
Tire proveito da arte e da cultura gratuitas
"O que não falta em Singapura são instalações públicas de arte; na verdade, parece mais um museu a céu aberto", diz Oh. O Marina Bay District, por exemplo, tem diversas, incluindo esculturas de Botero e Dalí. O Esplanade Theatres by the Bay organiza concertos e peças gratuitas, com artistas locais, quase todos os dias.
Baixe o aplicativo Grab
Em Singapura, o Grab é o equivalente ao Uber (que não opera na cidade-Estado) e sai muito mais barato que o táxi. Uma corrida de dez minutos custa menos de US$ 10; já o trecho entre o aeroporto e o centro custa US$ 20.
Sydney
Hospede-se no lugar certo
Carly Rea, fundadora da Splendour Tailored Tours, aconselha a hospedagem em um hotel butique cinco estrelas em um bairro residencial, cujas diárias saem por metade do preço do equivalente no centro, ou CBD. Rea recomenda o Spicers Potts Point, em Potts Point, área cheia de butiques independentes, cafés e restaurantes, e o Paramount House Hotel, em Surry Hills. Josh Blake, concierge assistente do Four Seasons Hotel Sydney e morador da cidade há tempos, diz que o viajante que quiser ficar no centro deve saber que vários hotéis de luxo, incluindo o Shangri-La e o InterContinental, têm "club lounges", ou seja, você paga uma taxa em cima da diária; no Four Seasons, por exemplo, sai por US$ 96 para duas pessoas por dia. Em compensação, tem concierge, um café da manhã farto e open bar com aperitivos à noite. Para temporadas mais longas, o melhor é alugar uma casa por meio da Contemporary Hotels ou da Luxico. "É possível alugar um apartamento fantástico de dois quartos por uma semana pelo mesmo preço de um quarto standard no CBD", diz Rea.
Coma como o pessoal local
Segundo Rea, as opções mais saborosas e acessíveis estão nos bairros – e um bom exemplo é o Bistro Rex, em Potts Point, casa vibrante que oferece pratos sazonais. Ela recomenda também pelo menos uma refeição em um dos inúmeros restaurantes asiáticos da cidade, baratos e deliciosos, aonde você pode levar a própria bebida. Darlinghurst e Newtown estão cheios deles. Em Bondi Beach, uma mesa em um café despojado à beira-mar é mais barata e autêntica que um restaurante caro, de acordo com Blake. Ele sugere o Speedos Cafe, endereço popular que serve pratos inspirados no locavorismo. O pessoal local adora um piquenique, tradição que o turista também deve pensar em seguir.
Seja um turista esperto
Subir a Sydney Harbour Bridge é uma atividade turística muito comum, mas custa mais de US$ 120 e leva horas; outra opção seria atravessá-la a pé. "É de graça, quase não tem movimento e a vista é a mesma", conta Blake. Alugar um barco particular? Esqueça. Você pode admirar as mesmas paisagens da balsa pública ou do táxi aquático. Dependendo do itinerário, a primeira sai por menos de US$ 10, enquanto o trajeto do segundo, que leva meia hora e dá a volta no cais, sai por US$ 70. Blake recomenda a balsa de Circular Quay a Manly, um subúrbio animado com belas praias e uma comunidade grande de surfistas.
Por Shivani Vora