Ao longo dos séculos, a universidade mais antiga do mundo anglófono sempre exerceu uma enorme influência sobre a cidade de mesmo nome, como até os visitantes podem atestar. Caminhando pelas ruas antigas, ouvindo fiapos de conversas em uma variedade maravilhosa de sotaques – sobre matemática, música e as complexidades da política curda –, é fácil sentir sua proximidade. Acontece que há muito mais em Oxford do que apenas a clausura acadêmica: com paisagens naturais idílicas, um cenário gastronômico vibrante e setores dinâmicos em campos tão diversos quanto o editorial, o médico e o automotor (o Mini é fabricado aqui), essa comunidade de mais de mil anos, às margens do Tâmisa, está tão animada e bela como sempre foi.
Sexta, 15h
Um mundo de curiosidades
Cabeças atrofiadas; lanças; zarabatanas. Claro, o que não falta em Oxford é arte sombria e artefatos para serem admirados (para esses, o Ashmolean é uma ótima pedida), mas não deixe de ver as coleções peculiares do Pitt Rivers, um museu da era vitoriana muito popular entre o pessoal local graças ao vasto volume de curiosidades originárias dos pontos mais distantes do Império Britânico. Ao contrário da maioria dos museus, o Pitt Rivers não organiza os itens de seu acervo por idade ou fonte, mas sim por função (baralhos de todos os continentes e através do tempo, por exemplo), convidando-o a tirar suas próprias conclusões. A entrada é gratuita, mas as doações são bem-vindas.
17h
Cruzeiro etílico
Deslizar pelos canais e rios de Oxford não é só um passatempo tradicional, como também uma maneira excelente de explorar a cidade, principalmente nos meses mais quentes. Quando o sol começar a se pôr, siga para a casa de barcos sob a Ponte Magdalen, onde poderá alugar um "punt", barco de fundo chato, largo e de extremidades não afiladas, empurrado a vara, perfeito para a tranquilidade da cidade (22 libras, ou cerca de US$ 28 por hora; máximo de cinco pessoas por barco). Peça uma rodada de Pimm's (4 libras cada), drinque inglês que é um clássico do verão, na barraquinha ao lado do cais. Depois, é só descer as águas serenas ao longo da Christ Church Meadow; só não vale cair.
19h
Um espanhol sutil
É fácil passar batido pelo Arbequina, um bar de tapas onde ainda se vê a placa anunciando o farmacêutico que ocupava o local na Cowley Road. Pequena e discreta, a casa "irmã" do restaurante tailandês superpopular situado na periferia vale uma visita. Cave um lugarzinho entre os jovens profissionais encarapitados nas banquetas ao longo do elegante balcão de metal e peça aos garçons recomendações sobre as opções listadas no pequeno, mas sublime, cardápio de pratos espanhóis. De sobremesa, não deixe de provar uma fatia do bolo de amêndoas, a fantástica torta Santiago (5 libras). O jantar com um copo de vinho sai por cerca de 20 libras.
Sábado, 10h
Caminhada erudita
Suba a torre da University Church of St Mary the Virgin (entrada, 4 libras) para apreciar a vista clássica das "torres de sonho" da cidade; de lá, siga para um tour a pé pelo centro acadêmico. Admire a fachada majestosa da Radcliffe Camera; não perca o teto pintado do Sheldonian Theatre, espetacular (entrada, 3,50 libras); tire uma foto da famosa e fotogênica Ponte Hertford Bridge, mais conhecida como a Ponte dos Suspiros; engrosse a visita guiada à Bodleian, principal biblioteca da universidade. O passeio (6 libras por meia hora) inclui parada na Divinity School, de 500 anos, espaço de teto abobadado e incrivelmente intricado que os fãs de Harry Potter reconhecerão como a enfermaria Hogwarts. Termine a visita com um pulo à Biblioteca Weston, recém-reformada, onde exposições em rodízio (gratuitas) destacam tesouros antigos e modernos da imensa coleção da universidade.
Meio-dia
Compre o livro
É difícil não se inspirar em tamanha riqueza intelectual, o que torna quase inevitável a compra de algum material de leitura na Blackwell's Bookshop, que vem saciando a sede infinita de Oxford por livros desde 1879. Dá para passar no mínimo uma hora ou mais explorando os três andares da loja, incluindo a seção de exemplares raros, na cobertura.
13h
Hora do almoço
Não deve haver muitos lugares no mundo onde é possível desfrutar de um almoço orgânico e locávoro em um salão de quase 700 anos, mas certamente Oxford é um deles. No verão, é muito provável que a fila para o The Vaults & Garden se estenda porta afora, mas vale toda a pena, tanto pela comida – saladas frescas, curries, refogados e assados, com um cardápio que muda todo dia – como pela Old Congregation House, de 1320, com direito a teto abobadado. O almoço sai a cerca de 12 libras por pessoa.
14h
Hora da feirinha
O pessoal local ainda frequenta a Covered Market, em funcionamento desde 1774, para comprar legumes, verduras e frutas, carnes, pães e bolos e flores frescas – mas há outras opções bem agradáveis de vitrines para espiar, como a de chapéus e enfeites de cabeça da The Hat Box e as obras de arte locais da The Covered Arts. Na The Cake Shop dá para ver os confeiteiros trabalhando em suas delícias (e, por 1,90 libra, comprar um cupcake para viagem).
15h30
Jardim de variedades
Fundado em 1621 como viveiro de plantas medicinais, o Jardim Botânico de Oxford é o mais antigo do país. Hoje, os cantinhos perfumados e sombreados do Walled Garden são espaços perfeitos para um cochilo no meio da tarde, enquanto o Lower-Garden exibe amostras de cana-de-açúcar, maconha, baunilha e outras "plantas que mudaram o mundo" e certamente vão aprofundar seus conhecimentos sobre a história da horticultura. Explore também as estufas, onde você encontrará plantas carnívoras, samambaias, cactos e lírios de várias partes do planeta. Entrada, 5,45 libras.
17h
Passeio acadêmico
A Universidade de Oxford compreende mais ou menos 36 faculdades, comunidades acadêmicas nas quais os alunos estudam, mas geralmente também moram e comem. Variando em idade de trinta a mais de 700 anos de idade, as instituições às vezes se abrem aos visitantes, que podem transitar pelas quadras arborizadas, as capelas solenes e os salões que servem de refeitórios enquanto estudantes e professores seguem sua rotina. O Christ Church College é popular entre os turistas, mas o Magdalen College, com sua clausura silenciosa, um parque grande e prados floridos, também é bem impressionante (entrada, 6 libras). Às seis da tarde, siga para a capela, onde poderá ouvir o prestigiado Coral do Magdalen College participando da missa noturna. (Durante o período de aulas há missas diárias, com exceção das segundas.)
19h
Festa da pizza
Com um nome inspirado no clássico de Lewis Carroll, que foi escrito em Oxford, The White Rabbit (O Coelho Branco) serve pizzas sofisticadas e cerveja para uma clientela pacata que mistura estudantes, moradores e turistas. Faça o pedido no balcão e pegue uma mesa e um jogo de tabuleiro da pilha arrumada no canto, se tiver tempo de sobra. À noite a muvuca ferve um pouco, mas faz parte da diversão. O jantar sai a 15 libras por cabeça.
21h
Música ou filme
Siga rumo norte, para o Jericho Tavern, um pub de bairro despojado que oferece música ao vivo, comida saborosa e uma boa seleção de cervejas nas torneiras. A banda Radiohead – cujos membros são de Abingdon, ao sul de Oxford, e se conheceram no ensino médio – fizeram ali sua primeira apresentação, em 1986. A casa continua a receber grupos revelações e nomes já famosos. Se preferir algo mais tranquilo, vá ao Phoenix Picture House, logo ao lado, que oferece uma mistura inteligente de filmes comerciais e de arte (ingresso a 11,60 libras).
Domingo, 10h
No meio do mato
Fique de olho nos coelhos selvagens, nas flores silvestres e nas aves aquáticas enquanto percorre a trilha ao longo do Tâmisa, que acompanha a porção limite oeste do local.
Estique as pernas com uma caminhada em Port Meadow, um espaço amplo de prados e mangues que serve de área de pastagem para os animais locais há pelo menos mil anos. Fique de olho nos coelhos selvagens, nas flores silvestres e nas aves aquáticas enquanto percorre a trilha ao longo do Tâmisa, que acompanha a porção limite oeste do local. Depois de uns dois ou três quilômetros você vai se deparar com as ruínas da Abadia de Godstow, um antigo convento fundado no século XII. Foi em um passeio de barco daqui a Godstow, em um dia de verão de 1862, que Charles Dodgson – um matemático de Oxford mais conhecido pelo pseudônimo literário Lewis Carroll – criou uma história maravilhosa para a jovem Alice Liddell e suas irmãs, publicada anos depois.
Meio-dia
Assado de domingo
Conclua a caminhada no belo vilarejo de Wolvercote, localizado no extremo norte do Meadow. Ali fica o Jacob's Inn, onde você pode desfrutar da imperdível tradição britânica do lauto almoço de domingo, com direito a carne assada com batatas, uma boa porção de legumes, Yorkshire pudding, ao mesmo tempo macio e crocante, e um molho à base de vinho tinto por cima de tudo isso. Peça uma mesa no jardim, grande e artisticamente entulhado, onde há cabritos, galinhas e porcos passeando em meio aos guarda-sóis e vasos. O almoço sai por 20 libras. A reserva é imprescindível nos fins de semana. Dá para voltar de ônibus para a cidade.
Onde ficar
Jericho e Summertown são bairros simpáticos e de fácil acesso ao centro. (Caminhando a partir do primeiro, pegando um ônibus do segundo.) Apartamentos tanto em um como no outro, listados no Airbnb, têm diárias a partir de 100 libras; há opções mais em conta, mas mais distantes.
Quem quiser uma experiência estudantil deve tentar a University Rooms, que aluga quartos vazios nos dormitórios das faculdades, com diárias variando entre 32 a mais de 100 libras por pessoa. Há disponibilidade o ano inteiro, mas a possibilidade de escolha é maior durante as férias escolares.
Se preferir se esbaldar, experimente o Old Parsonage Hotel, que oferece luxo discreto – biblioteca bem iluminada, jardim privativo, quartos elegantes – a uma curta caminhada do centro. Diárias dos quartos duplos, sem café da manhã, a partir de 230 libras.
Por Paige McClanahan