Na cidade costeira de Lima, no Peru, a arte de rua está presente em vários dos prédios coloniais envelhecidos de Barranco, bairro boêmio onde o prestigiado chef Virgilio Martínez reabriu seu restaurante mundialmente famoso, o Central, em junho.
"Tem muita sensibilidade artística. Parece uma vilazinha onde as coisas acontecem, mas que também preserva suas casas antigas", diz ele a respeito da área que já foi famosa como retiro à beira-mar da aristocracia limenha.
Não tem comércio muito grande aqui. O que se vê são empreendedores independentes mexendo com tudo, desde decoração até gastronomia.
VIRGILIO MARTÍNEZ
chef, dono do restaurante Central
Ao mudar o Central de Miraflores para Barranco, Martínez abriu um complexo de vários andares que também abriga o bar de coquetéis Mayo e o moderno Kjolle, comandado por sua mulher, Pia León. O casal mora com o filho de três anos, Cristóbal, um pouco acima do empreendimento – na Pedro de Osma, rua principal do bairro, ladeada de pinheiros. "Não tem comércio muito grande aqui. O que se vê são empreendedores independentes mexendo com tudo, desde decoração até gastronomia. É o pessoal que pertence ao bairro", afirma.
Aqui estão cinco de seus lugares favoritos em Barranco.
1. Plaza de Armas Barranco
"Só dar uma volta ali já vira uma atividade especial, porque você se reconecta com a dinâmica social da comunidade de Barranco. Tem casal que vai ver o pôr do sol, tem a feira de orgânicos aos domingos... não sou aquele tipo de pessoa que se senta para ler jornal, mas, se fosse, seria lá."
Esquina da Pedro de Osma e o Parque Municipal
2. Mérito
Quando Martínez termina de servir o almoço no Central, sai correndo e para na esquina para pegar o finzinho do horário no pequeno restaurante comandando por dois de seus ex-chefs. "Gosto muito do que José Luis e Juan Luis estão fazendo com a gastronomia progressiva peruana e venezuelana. Peruano normalmente não faz fila, mas aqui ele respeita. Se quiser conhecer, não deixe de provar o 'cream volteada'. É uma sobremesa maravilhosa que fica entre o flã e o pudim de leite."
Av. 28 de Julio, 206; meritorestaurante.com
3. Casa Caudal
"Esse é um ateliê bem excêntrico, onde os ceramistas criam e vendem o próprio trabalho. As peças têm tudo a ver com a identidade peruana – muitas, inclusive, são feitas de areia e argila resultantes das cheias nos Andes. Eles pegam esses elementos deixados pela estação das chuvas, que destroem casas e propriedades, e os transformam em algo bom. Tenho esculturas em casa e nos meus restaurantes. Usamos a arte deles para servir a nossa, que é a comida."
Av. 28 de Julio, 316 e Melgar, 209; hermanosmagia.com
4. Blu il Gelato del Barrio
"Sempre que vou a Blu eu me acabo", diz o chef sobre a gelateria que trabalha com ingredientes nativos à perfeição. "Os sabores sempre surpreendem. Amo tudo que tiver cacau e chocolate, que às vezes eles misturam com hortelã dos Andes ou as frutas da costa. Meu filho pede de morango, mas ele gosta de qualquer coisa que for vermelha. O ambiente é muito gostoso e os funcionários, bem simpáticos."
Av. 28 de Julio, 202; facebook.com/pg/gelatodelbarrio
5. Isolina
Sobre o restaurante popular inaugurado em 2015 que evoca uma taverna peruana rústica, Martínez diz: "Ali você come como o pessoal que vivia em Lima há 50 anos. O chef José del Castillo prepara os pratos que sua mãe, dona Isolina, fazia quando ele era garoto. São receitas bem antigas – e bem poderosas, tipo tortilla de cérebro de vitelo. As porções são enormes e supertemperadas! Ao mesmo tempo que usam as carnes mais baratas, fazem ceviches espetaculares, com peixes de altíssima qualidade – ou seja, trabalham com os extremos. A chicha morada (bebida peruana feita com milho roxo) também é incrível."
Av. San Martin, 101; isolina.pe
Por Sara Lieberman