O Consórcio Projetos da Serra, composto por sete investidores, pretende entregar na próxima semana o pedido de licença de instalação para a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) necessário para operar um trem a vapor em uma área privada de São Francisco de Paula.
O projeto de uma Maria Fumaça na região das Hortênsias é estimado em R$ 40 milhões e o trajeto inicial previsto tem 14 quilômetros que passam dentro da fazenda Centaurus com vista para a barragem do Blang e do Salto.
Deivid Palma, idealizador do projeto e presidente da Cooperativa de Turismo da Região das Hortênsias (CoopertuRH), destaca que o projeto está avançado e que o consórcio já tem os recursos para iniciar a obra assim que obtiver as licenças necessárias.
— Nosso trajeto é todo em campo aberto. Então não vai haver necessidade de desmatamento, porque vai passar onde já tem plantio. O local não tem nenhuma estrutura férrea. Vamos trabalhar com dormentes de madeira como uma ferrovia antiga, e com material de reciclagem de ferrovias desativadas — adianta o idealizador do consórcio.
Dono de uma agência de Turismo em Gramado, Palma diz que a CoopertuRH, com cerca de 60 membros, foi criada recentemente e que o projeto conta com o apoio do trade turístico das Hortênsias.
_ O passeio nas Hortênsias evitaria o desconforto de se deslocar de Gramado a Bento Gonçalves, muitas vez com mau tempo. Também traria uma tranquilidade maior para os turistas com a maior oferta de horários _ aponta Palma.
A estrutura contará com uma estação férrea, duas locomotivas a vapor com três vagões, sendo uma de reserva e um deck panorâmico com atrações artísticas da cultura gaúcha. A capacidade dos vagões é para 150 passageiros e a intenção é oferecer três horários, o que permitiria atender 450 passageiros por dia.
O prefeito de São Francisco de Paula, Marcus Aguzzolli, destaca que a prefeitura apoia a iniciativa e está disposta a ceder outros cerca de cinco quilômetros de área do município para ampliar o trajeto até o Parque Davenir Peixoto Gomes, conhecido como Parque da Balança. No entanto, para acelerar os processos, o idealizador do trem destaca que em um primeiro momento a intenção é construir apenas os 14 quilômetros.
"É como ter duas torres Eiffel, uma original e uma réplica", aponta diretora da Maria Fumaça de Bento Gonçalves
Andreia Zucco, diretora executiva da Giordani Turismo, que opera a Maria Fumaça de Bento Gonçalves, destaca que o turista que visita a atração não está em busca apenas de um passeio com belas paisagens. Segundo Andreia, o visitante quer conhecer a história do imigrante italiano e a cultura da região Uva e Vinho.
— É como ter duas torres Eiffel, uma original e uma réplica, porque essa de São Francisco de Paula não existia — compara.
Recentemente, a Giordani comprou uma terceira locomotiva a diesel de reserva para permitir que as outras duas locomotivas possam ser operadas. O objetivo é ampliar o número de viagens, mas para isso também são necessárias autorizações de órgãos ferroviários e ambientais.
Atualmente, a Maria Fumaça tem 600 lugares para viagens de manhã e 600 à tarde em dias normais. Em alta temporada, chega a atender mais de 1,5 mil pessoas por dia aos finais de semana, com passeios à tarde e à noite.
Há um projeto que tramita há mais de 15 anos para ampliar o trajeto da Maria Fumaça até a comunidade de Jaboticaba, mas ainda aguarda liberação do Ibama, segundo a diretora da empresa.