Vizinho de Argentina e Uruguai, o Rio Grande do Sul tem o que a gente pode chamar de "turismo fronteiriço". Os gaúchos pegam a estrada, passam por algumas cidades pelo caminho e aproveitam para conhecer o que está além da fronteira. Jaguarão, Uruguaiana, Santana do Livramento e Chuí são os destinos mais conhecidos nesse quesito, mas pegamos um rumo diferente desta vez: da gaúcha Aceguá à uruguaia Melo. No roteiro, compras, gastronomia, história e natureza.
A partir de Porto Alegre, percorremos 370 quilômetros pelas BRs 290 e 153 até Bagé, na Campanha. Em um trevo, seguimos pela BR-473 por mais 54 quilômetros até Aceguá, gêmea da cidade uruguaia de mesmo nome. Antes de cruzar a fronteira, é bom trocar reais por pesos uruguaios ainda no Brasil, pois o câmbio fica mais em conta.
Para ingressar no Uruguai, paramos na Direção Nacional de Imigração, onde recebemos uma autorização para entrar no país vizinho. É importante ter em mãos carteira de identidade ou passaporte. Quem vai de carro deve apresentar os documentos do veículo, além da Carta Verde, um seguro obrigatório.
Leia também
Um roteiro gaúcho e uruguaio em Santana do Livramento
Atrações de Uruguaiana exploram relação da cidade com o Rio Uruguai
Tudo o que você precisa saber para ir de carro ao Uruguai
Atravessando a linha imaginária que divide as duas nações, encontramos uma das principais atrações de Aceguá: os freeshops, lojas que vendem produtos importados livres de impostos. O visitante também pode experimentar algumas delícias uruguaias que os brasileiros amam, como o dulce de leche.
Depois de aproximadamente 60 quilômetros pela Ruta 8, chegamos a Melo. De cara, já dá para perceber a hospitalidade do povo – os próprios moradores nos deram dicas de lugares legais para conhecer. Um deles foi a Praça Independência, que recebe atrações ao ar livre. Na Esquina do Tango, nos meses de verão, por exemplo, há dezenas de bailarinos fazendo shows todos os domingos. As apresentações deste ano começam em outubro.
– São mais ou menos 50 pares dançando, e mais de 500 pessoas sentadas, olhando o espetáculo – relata o comerciante Milton Pereira, que trabalha há mais de 40 anos na região.
Em frente à praça, fica o Teatro Espanha, um prédio com 103 anos. Atualmente, os espetáculos de música e teatro são realizados à noite, mas a visita também vale a pena durante o dia, em uma exposição de fotos que conta a história de Justino Zavala Muniz, fundador da comédia nacional.
Dali, partimos para a Praça Constituição, a mais importante de Melo, cercada por construções históricas. Bem no centro, encontramos um monumento ao General José Artigas, considerado um herói nacional. Nesse local, 222 anos atrás, começou a cidade de Melo. O primeiro solar foi construído em 1795, onde hoje funciona uma pousada. Um ano depois, em 1796, Bento Gonçalves ergueu a segunda casa no entorno da praça.
Nesse passeio pela história, nos surpreendemos com os detalhes das construções. Todas têm placas, indicando quando foram erguidas. Em uma esquina, está a catedral de Nossa Senhora do Pilar e São Rafael, onde o papa João Paulo II foi recebido em 1988. Indo para outro lado, vemos o prédio que já abrigou a terceira biblioteca mais importante do país, há mais de um século. No interior, há um grande vitrô colorido, com peças originais, perfeitamente conservado, além de uma sala com livros restaurados.
Seguindo o passeio, chegamos ao Museu Histórico Regional, onde estão guardados fósseis e pedras datados de séculos atrás. O lugar fica aberto de terça a sábado, com entrada gratuita.
Comida e descanso
O adiantado da hora e o cheiro das parrillas típicas uruguaias abriram o nosso apetite. Então, fizemos um pequeno intervalo para recarregar as baterias no restaurante La Rueda, onde uma costela completa sai por R$ 42, e um bife a cavalo, por R$ 23.
Bem alimentados, fomos conhecer um pouco mais da cidade. A dois quilômetros do centro, visitamos o Bioparque, área com cerca de 30 hectares que abriga mais de 300 espécies de animais soltos na natureza. Em meio à área verde, está a casa onde viveu o primeiro presidente do Uruguai, Fructuoso Rivera, morto em 1854. Ali, dá para passar o dia ou acampar gratuitamente.
Seguimos viagem por mais 12 quilômetros até Posta del Chuy, lugar lindo que reúne uma ponte de pedras construída em 1855, uma casa que já serviu de hospedaria e um curral. Essa foi a primeira construção feita com recursos públicos e privados no Uruguai. Atualmente, a casa abriga um moderno museu, que tem entrada franca. Nele, é possível interagir em praticamente todas as seções. Em uma delas, dá para ver tudo o que era servido para a família Etcheverry, que construiu o lugar. Aos mais curiosos, tem até a receita.
Nos aposentos do casal Etcheverry, preparado para receber os visitantes à noite, a sugestão é entrar na companhia de alguém – o jogo de luzes e sons faz tudo parecer assombrado.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)