Nem Alemanha, nem Polônia. Os imigrantes de São Lourenço do Sul vieram de uma região que hoje não existe mais: a Pomerânia, que ficava na antiga Prússia, ao norte desses dois países. Na cidade gaúcha, os pomeranos encontraram um lugar tranquilo para viver, com uma natureza estonteante.
No fim de semana dos dias 5 e 6 de agosto, nossa reportagem esteve por lá para percorrer o Caminho Pomerano, que conta a trajetória desse povo que chegou à região há mais de 150 anos.
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A partir de Porto Alegre, são duas horas e meia de viagem pela BR-116 até chegar a um trevo que leva à RS-265. Deve-se seguir pelo lado direito – placas explicam como chegar até as atrações. Prepare-se antes de cair na estrada: é melhor agendar as visitas, principalmente nesta época do ano.
Nossa primeira parada foi em um lugar que conta a história da família Zielke: Memórias und Andenken, um pequeno museu com documentos, fotos, utensílios domésticos e móveis. A visitação custa R$ 10.
– Conto toda a história da minha família, desde que saíram da Prússia, em 1923. Foi uma saga até pararem aqui em São Lourenço – diz a proprietária, Elaine Zielke.
Na bagagem dos pomeranos, também vieram algumas receitas deliciosas, e eles são famosos pela boa culinária. Uma das especialidades é a cuca. Marcilda Bartz nos mostrou como fazer uma versão tradicional da iguaria.
– É uma receita que vem da minha mãe. Estou resgatando a cultura dos pomeranos – explica Marcilda, dona da Casa das Cucas, que vende o produto por encomenda, a R$ 13 ao quilo.
O Caminho Pomerano tem sete empreendimentos, com restaurantes, lojas de produtos artesanais, plantas medicinais, agricultura familiar e museus. Um deles é a Casa da Schimier, que, apesar do nome, não vende mais schimier. O lugar oferece bufê livre a R$ 29,90 ou café colonial por R$ 39 (é preciso agendar). Em meio a tantas opções, estão alguns pratos bem típicos da cultura pomerana, como o rivelspah, um bolinho de batata.
Na propriedade, às vezes é feita uma encenação de um típico casamento pomerano do período entre os anos de 1858 e 1920. Os costumes eram bem diferentes se comparados aos nossos dias. Começando pelos convites, que eram feitos pelo irmão mais novo da noiva – pessoalmente. Entre 20 e 30 dias antes da cerimônia, ele saía a cavalo, vestido com sua melhor roupa, convidando todos os vizinhos, de casa em casa.
Outra curiosidade: a noiva vestia preto. Antes de os pomeranos virem ao Brasil, eles tinham que se submeter a regras rigorosas nas grandes propriedades em que trabalhavam. Uma delas cai até no vestibular: quando a filha de um pomerano fosse casar, a noite de núpcias dela tinha que ser com o senhor feudal, o dono da propriedade em que a família trabalhasse. Caso a noiva não se submetesse, a punição era a morte. O vestido preto acabou virando tradição por algum tempo.
Um pulinho na praia
São Lourenço do Sul também oferece ao turista uma praia de água doce às margens da Lagoa dos Patos, com uma sombra para relaxar. É legal acordar cedo, porque o amanhecer ali é lindo. A paisagem é admirada pelos moradores o ano todo.
– Mesmo no inverno, nossa cidade é maravilhosa – diz a advogada Roselene Radmann.
Vale a pena tirar um tempinho para passear de escuna, que custa R$ 10. Durante quase uma hora, a embarcação passa por todas as praias da cidade e por alguns pontos turísticos, como a Fazenda do Sobrado, que foi da irmã de Bento Gonçalves. Construída no século 19, era um ponto estratégico para Bento.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)