Embarcar para um país diferente, muitas vezes sozinho, para participar de projetos sociais ou ambientais não costuma ser o que se imagina de um intercâmbio. Sem o conforto dos pacotes turísticos ou dos roteiros tradicionais, o voluntariado fora do Brasil pode, à primeira vista, não parecer muito atraente – mas quem já fez garante que vale a pena.
Mais do que conhecer destinos pouco usuais, esse tipo de viagem promete criar uma relação diferente entre o intercambista e o lugar para o qual ele decide ir, já que o insere no dia a dia de locais que um turista com rota mais convencional provavelmente sequer visitaria.
– Em todo tipo de turismo, você tira coisas do lugar. Mas, ao viajar como voluntário, você não vai para tirar ou somente conhecer as coisas daquele espaço geográfico. Você deixa marcas, cria vínculos – afirma a fotógrafa Iara Tonidandel, que fez voluntariado em 2016.
É preciso pensar bem sobre o seu perfil para determinar o roteiro – uma dica é aliar projetos pessoais à experiência. Iara já tinha ido à África para fotografar quando a escolheu para o intercâmbio. Habituada a viajar sozinha, passou seis semanas entre Namíbia e África do Sul trabalhando com guepardos em reservas que resgatam animais em situação de vulnerabilidade.
– O trabalho era bem pesado. Cavei canaletas para a instalação da tubulação de água para as jaulas, fizemos atividade de pesquisa sobre como identificar animais e sua localização. Também fiz atividades noturnas para mapear animais que apresentavam sinais de vida. Tem de limpar o ambiente, alimentar os bichos – descreve.
Mesmo com focos semelhantes, Iara garante que as duas experiências foram completamente distintas.
Ela conta que, na Namíbia, o projeto tinha alta rotatividade de participantes, dificultando a criação de vínculos. Já nas três semanas que passou na África do Sul, viveu em meio à savana com um grupo de 10 pessoas e fez amigos com quem ainda mantém contato. Ela ressalta que a vivência de estar em um espaço fechado, como uma jaula, também foi importante.
– A gente só saía para trabalhar, sempre com o traslado do carro, e quando estava lá dentro não podia abrir o portão. Isso gerou vários debates sobre como deve ser, para os animais, viver dentro de um zoológico, por exemplo – explica a fotógrafa, que, ainda em 2017, irá ao Sri Lanka e à Tailândia para trabalhar em uma escola de monges e com mulheres em vulnerabilidade social.