A nossa aventura requer disposição: navegar pela Lagoa dos Patos, conhecer animais simpáticos e visitar lugares onde o desenvolvimento e o ar de interior dividem o mesmo espaço. Assim é o passeio pela Mui Heróica Vila, apelido assumido por São José do Norte após homenagem de Dom Pedro II à cidade, que resistiu aos ataques dos farrapos em 1841.
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Saindo de Porto Alegre, são quatro horas e meia de carro pela BR-101. Outro caminho, que demora mais ou menos o mesmo tempo, é pela BR-116 até Pelotas e depois a BR-392 até Rio Grande. De lá, dá para atravessar a Lagoa dos Patos de lancha, que em dias de semana sai a cada 30 minutos. Nos domingos e feriados, parte de hora em hora.
Há a opção de fazer a travessia com agências de Rio Grande ou São José do Norte, e foi essa a nossa opção. Escolhemos um passeio pela água até o molhe leste da barra, que custa R$ 145 por pessoa, com guia. No caminho, dá para se despedir de Rio Grande espiando o movimento no porto e encontrar botos que vivem na região. Os leões-marinhos e lobos-marinhos costumam se alimentar e descansar no molhe, construído para dar segurança aos navios que operam no porto de Rio Grande.
Do canal do porto, chegamos à hidroviária de São José do Norte, onde desembarcamos – embora o passeio completo tenha opção de retornar para Rio Grande. De van, partimos para o interior da cidade. Na localidade de Cocuruto, fizemos uma parada para mostrar a P-74, única plataforma em construção na região. Depois, foi a vez de visitarmos o Farol da Barra, construído em 1852. Até hoje, a estrutura segue em atividade, orientando os navios que chegam e saem da região. Para subir, são 136 degraus – mas a vista compensa.
– Acho muito bonito, porque a gente consegue enxergar Rio Grande e ter a dimensão do que que é a praia do Norte, junto com a do Cassino – conta a turista pelotense Roberta Goulart.
Ao lado do Farol, há a torre Atalaia, usada antigamente para observar e ajudar na entrada e saída de navios. De cima, dá para ter outra vista bem bacana da cidade e ainda tirar uma foto com o Farol. Pertinho dali, está a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem. O nome é devido a uma imagem da santa doada por um comandante que superou perigos em alto-mar antes de chegar à cidade.
Se bater a fome na praia de São José do Norte, frutos do mar não faltam. Vários restaurantes oferecem sequências com camarão, siri e bolinho de peixe. Os preços variam de R$ 40 a R$ 60 por pessoa, e a qualidade merece recomendação. Os estabelecimentos não aceitam cartão, pois a região é desconectada. Celular? Só para tirar fotos.
Outra parada imperdível é em um paraíso escondido no interior do município. Na localidade do Barranco, há até falésias, como se fossem dunas esculpidas pela natureza, mas duras como rochas. Tudo na beira da lagoa. Tem gente que nasceu em São José do Norte, mas nunca tinha feito esse passeio.
– Às vezes a gente vai para lugares como Santa Catarina, outro Estado, e aqui em São José tem um monte de lugar importante, como o Barranco, Capivara, Estreito, a praia do Mar Grosso, que, infelizmente, são pouco exploradas – diz o nortense Jorge Bittencourt.