Hoje, nosso passeio será por uma Polônia que fica dentro do Rio Grande do Sul, mais especificamente em Áurea, no Norte gaúcho, a cidade com mais poloneses do Brasil. O caminho até lá passa por belas paisagens. A partir de Porto Alegre, são quase cinco horas de viagem em 371 quilômetros, que podem ser percorridos pelas BRs 386 e 153 e pela RS-135.
Nosso roteiro começa pela igreja Nossa Senhora do Monte Claro, onde a estátua do papa João Paulo II, um polonês, recepciona os fiéis. E não é por acaso, já que religião é uma das marcas mais fortes da cultura polonesa, de maioria cristã. Na paróquia, ninguém entra sem comer o pão no sal. O gosto pode não ser muito bom, mas quem vai recusar abundância e felicidade? É o que representa esse ritual praticado há séculos.
Falando em séculos, o município, de menos de 4 mil habitantes, tenta manter viva as tradições passadas de geração em geração.
– A gente sabe que, na vinda da Polônia para cá, muitos desses costumes se perderam. Agora, estamos conseguindo resgatar essa cultura, essa história que ficou perdida – comenta o prefeito, José Antônio Slussarek.
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Uma das maneiras de preservar a memória dos antepassados é por meio do turismo. Por isso, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) criou o projeto Caminhos Poloneses.
– O turista que vier para cá conhecer os Caminhos Poloneses poderá optar pela Trilha do Imigrante ou o pelo Resgatando a História, cada um com suas peculiaridades – explica a coordenadora do projeto, Ligia Maria Wencelewski.
A proposta de ambos é de que o turista visite a casa de famílias de origem polonesa para conferir de perto os costumes dos polacos. No roteiro Trilha do Imigrante (R$ 50, com refeições), que começa cedinho, o visitante é recebido para o sniadanie, que em português significa café da manhã. O nosso foi na casa dos Macioroski, servido sob árvores da propriedade. A mesa é farta, e precisa ser assim mesmo – na Polônia, o café é reforçado, já que o almoço só vai ser servido lá pelas 14h, 15h.
Como não adorar um roteiro que começa com pães, geleias, chás e cafés? E não são só as comidas que são típicas por lá, mas as roupas também. O estilo varia conforme a região da Polônia de que veio a família.
Outro lugar cheio de significados é o museu João Modtowiski, que fica na área central de Áurea e reúne objetos trazidos pelos imigrantes no início do século passado. Tem imagens sacras, materiais da agricultura e até aparelhos eletrônicos doados pelas famílias. Em uma das salas, há um acervo de 500 obras, algumas raras, escritas há mais de 200 anos. O espaço também serve como centro de pesquisa para historiadores, já que a cidade é considerada a capital brasileira dos poloneses.
– Todos os historiadores e pesquisadores da Polônia ou de outros lugares que vêm sempre visitam Áurea para fazer seus trabalhos – diz o curador do museu, Artêmio Modtowiski.
A parada para o almoço é na casa da família Petkovicz. Eles têm uma tradição: não se sai da propriedade sem saber, pelo menos, uma nova palavra em polonês. Eu aprendi várias, como pierogi (pastel) e golabik (charuto de repolho).
Comida típica e muita diversão
A última parada foi na casa dos Trezinski, onde, logo na entrada, é servido um aperitivo de boas-vindas, em uma folha de uma planta alimentícia com queijo, um prato típico. Depois, a gente se reuniu ao redor de uma fogueira, chamada de ognisko. Antes de acender a chama, foi feito um brinde com vodca artesanal armazenada em um bloco de gelo. Ali, cada um assou a própria linguiça em um espeto de taquara. Então, subiu o som da música para todo mundo se divertir com danças típicas. A partir daí, a festa não tem hora para acabar.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)